A bala na boca do ancião
No que erramos? Poderíamos viver mais?
O Mundo mudou. E nós?
Os tempos das conversas à beira das fogueiras e dos fogões à lenha, acabaram-se.
E nós continuamos precisando conversar uns com os outros nas noites estreladas.
O trabalho onde o telefone era o meio de comunicação com nossos clientes, não existe mais.
Os modernos meios de comunicação são vozes vazias, “ follow up’s” e ponto final.
O namoro que era levado para a varanda, onde nos conhecíamos, sob o luar, acabou.
Hoje se conhece, leva a camisinha e se não usar hoje fica para amanhã.
Os casais que se encontravam todas as noites em seu quarto e faziam amor, não existem mais.
Hoje fazemos sexo que dá mais prazer e menos cobranças. E a consciência? O que é isso mesmo?
Os filhos que viam seus pais na hora do almoço, não vêem mais.
As aulas do colégio, de natação, de música, de inglês, para quem pode.
Para quem não pode. O pai trabalha, a Mãe trabalha e todos passam fome, necessidade e se divertem.
Os pais que viam aos seus filhos na hora do jantar, não vêem mais.
As aulas acabam tarde, as baladas de madrugada e os jogos da internet, também.
Vivemos um mundo estranho. O trabalho manipulando nossas vidas.
O interesse financeiro suplantando a tudo e a todos.
A aparência atingiu uma importância maior. Que o digam os valores estéreis de personagens da Mídia.
A capacidade real das pessoas foi substituída pelo marketing pessoal junto aos patrões.
Pessoas de boa índole perdendo lugar para as de interesse dúbio. Os Trabalhos com propina prosperam a olhos vistos.
Os prestadores de serviço já imputam além dos impostos astronômicos, a propina em suas planilhas.
No país da impunidade, os corretos são julgados pelos corruptos.
Criamos uma falsa identidade.
Somos o que não somos.
Sorrimos pelo ambiente e não pelos nossos corações.
Dilapidamos nosso patrimônio moral dia a dia.
Maltratamos nosso Mundo dia a dia, nos tornamos indiferentes, as mortes, aos assassinatos, as sevícias, as atrocidades em crianças.
Nós passamos margarina no pão olhando curiosos, na TV, por onde entrou a bala na boca do ancião.