CONQUISTAS, PERDAS, UTOPIAS

Tristeza de uns,

Alegrias de outros.

Entre pares e ares,

Não repares.

A vida não é engraçada. É desgraçada, no sentido popular (invertido) de extraordinário, excepcional. Também não é aventura. É ventura. Contingência – como gosto de defini-la.

As nossas conquistas configuram-se de diferentes formas, modos e em situações contingentes. Algo vai acontecer, mas não temos o menor domínio sobre o que vai acontecer e nem como ocorrerá. Muitas das nossas conquistas (talvez todas) têm sentido prospectivo. Mas, o futuro não é algo que podemos constituir como meta que se vai realizar com uma conquista, uma formalidade. Ele é, antes, horizonte. Ao chegar percebemos um engano. Ou seria engodo? O horizonte não existe. O futuro? Também não.

Depois de cada conquista novas buscas delimitam-se. Novos horizontes convidam. Perspectivas necessárias, porém utópicas. Não se pode deixar de sonhar. Conquistas – grandes, pequenas, interessantes ou fundamentais – movem-nos no espectro da vida.

As conquistas ou as pretensões às conquistas são ambíguas. Uma conquista pode significar perda. Ponderando dialeticamente, ao ganhar também perdemos. A própria perda, então, pode remeter a outras conquistas. Discursivamente, perder também é ganhar.

Conquistas, perdas e utopias compõem uma mesma dimensão. Dialetizam no devir. Mobilizam o porvir. Entranham e estranham-se nos labirintos da labuta por um lugar ao sol... ou à sombra.