Merecidos direitos dos mortos
Há um ano atrás, no Cemitério Senhor da Boa Sentença, o túmulo dos meus pais foi violado e levaram-lhe a cobertura de granito para se fazer, verificavelmente, tampa de sepultura, na parede lateral daquela "casa da paz". O túmulo ficou desnudo, exposto à censura de que seus responsáveis, talvez, não lhe dedicassem cuidados à memória dos seus antepassados, no caso, dos mais próximos. Também por tais razões, dia seguinte, eu e meu irmão Ivan fomos recolocar a pedra que faltava. E ficou "tudo como dantes no quartel de Abrantes"; ninguém viu, à luz do dia, os fantasmas furtando, mas os circunstantes "zeladores" sabiam o "mestre" que negociou o alheio ao alheio.
Já trabalhei, como estudante, nos jardins e no crematório, do cemitério de Krefeld, na Alemanha, durante o terceiro trimestre de 1968. Naqueles costumes, os cemitérios públicos recebem esmerado zelo por parte daquela gente e dos seus governantes, ambos conscientes da "sacralidade" daquele venerável "campo santo", onde alguns estão e aonde todos irão... Tal experiência cultivou em mim um gosto esquisito: o de conhecer os cemitérios das cidades que visito, sobretudo se são moradas de admirados cidadãos ou de vultos ilustres. Em todos esses países, o prefeito acumula as duas prefeituras: a da cidade dos vivos e a da "cidade dos mortos".
O jornal A União, desse 18 de abril, estampou, na primeira página: "Cemitérios de João Pessoa são usados como motel" e detalhou, na página 5, a continuada ação dos larápios e dos vândalos, furtando argolas, crucifixos, molduras e placas de bronze, santos, joias e até anéis dos dedos dos recém-sepultados; fazendo daquela "terra sagrada" uma alcova de ladrões, de traficantes de droga e de quem queira comerciar atos libidinosos. As almas não fazem medo a esses praticantes do sexo por trás das tumbas, nem tampouco elas me deram procuração para reclamar seus merecidos direitos. Contudo, "que os mortos enterrem seus mortos" (Lc, 9, 59 - 60), porém cuidem dos cemitérios os que têm o dever e a responsabilidade de cuidar...
Há um ano atrás, no Cemitério Senhor da Boa Sentença, o túmulo dos meus pais foi violado e levaram-lhe a cobertura de granito para se fazer, verificavelmente, tampa de sepultura, na parede lateral daquela "casa da paz". O túmulo ficou desnudo, exposto à censura de que seus responsáveis, talvez, não lhe dedicassem cuidados à memória dos seus antepassados, no caso, dos mais próximos. Também por tais razões, dia seguinte, eu e meu irmão Ivan fomos recolocar a pedra que faltava. E ficou "tudo como dantes no quartel de Abrantes"; ninguém viu, à luz do dia, os fantasmas furtando, mas os circunstantes "zeladores" sabiam o "mestre" que negociou o alheio ao alheio.
Já trabalhei, como estudante, nos jardins e no crematório, do cemitério de Krefeld, na Alemanha, durante o terceiro trimestre de 1968. Naqueles costumes, os cemitérios públicos recebem esmerado zelo por parte daquela gente e dos seus governantes, ambos conscientes da "sacralidade" daquele venerável "campo santo", onde alguns estão e aonde todos irão... Tal experiência cultivou em mim um gosto esquisito: o de conhecer os cemitérios das cidades que visito, sobretudo se são moradas de admirados cidadãos ou de vultos ilustres. Em todos esses países, o prefeito acumula as duas prefeituras: a da cidade dos vivos e a da "cidade dos mortos".
O jornal A União, desse 18 de abril, estampou, na primeira página: "Cemitérios de João Pessoa são usados como motel" e detalhou, na página 5, a continuada ação dos larápios e dos vândalos, furtando argolas, crucifixos, molduras e placas de bronze, santos, joias e até anéis dos dedos dos recém-sepultados; fazendo daquela "terra sagrada" uma alcova de ladrões, de traficantes de droga e de quem queira comerciar atos libidinosos. As almas não fazem medo a esses praticantes do sexo por trás das tumbas, nem tampouco elas me deram procuração para reclamar seus merecidos direitos. Contudo, "que os mortos enterrem seus mortos" (Lc, 9, 59 - 60), porém cuidem dos cemitérios os que têm o dever e a responsabilidade de cuidar...