Exercitando a tolerância, treinando a gentileza, cercada por um tsunami de indignação e ressentimento, num caos crescente, que parece não ter fim. Cansei.

Vivo em uma cidade que poderia ser uma paraíso, infelizmente está dividida em zonas, que vão de muito bem cuidada ao abandono total, já a segurança é ruim em todas. Moro em um bairro da zona Norte:as ruas são sujas, calçadas quebradas e cheias de buracos, não há uma praças para as crianças brincarem, as poucas lojas estão fechando, os bancos não disponibilizam caixas eletrônicos, as casas são cheias de grades e cercas elétricas, os fios são constantemente roubados, a iluminação é fraca e deficiente, ninguém sai de casa após  dezoito horas. 

Todos os dias acordo com o ruído dos helicópteros sobrevoando a região, e o som dos tiros, rajadas, explosões, não deveria, mas é quase normal. Já explodiram algumas agências bancárias, a madrugada por aqui é bem complicada.
As ruas aparecem constantemente nos noticiários, quem nunca ouviu falar sobre Marechal Rondom, Ana Néri ou Lino Teixeira? E não venham dizer que é por causa das comunidades ao redor, o Rio de Janeiro é cercado por várias , não é bem assim, as pessoas visitam as comunidades da zona Sul, fazem filmagens, existe até turistas que passeiam de jeep pelo local. 
O abandono da zona Norte e da baixada são evidentes, praticamente não existimos, estamos jogados e ninguém parece entender o quanto nos sentimos excluídos, é triste demais a situação de bairros como Méier, Vila Isabel, Tijuca, Grajaú... e por aí vai.  Concordo que o lixo nas esquinas também é responsabilidade da população,  que não consegue compreender que existe um dia para a coleta,  e que sujeira atrai ratos e doenças. No entanto, não há campanhas de conscientização, não há nenhum tipo de suporte para os viciados em crack, são eles que reviram tudo que encontram pela frente, procuram latinhas, plástico e qualquer coisa para vender e comprar drogas. Eles ficam perambulando sem rumo, montam guetos e assaltam, estão cada vez mais numerosos e agressivos. 

Precisamos resgatar  a ordem para ter uma vida digna,  com direitos e deveres, mas com liberdade para ser algo mais que reféns do medo. Vivo no caos, que é a minha cidade, me escondo atrás das grades  que me protegem da violência, enquanto isso a violencia é livre para estar em todos os lugares.
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 20/04/2018
Reeditado em 20/04/2018
Código do texto: T6314354
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