Nossa mais bonita fase
Há certas vezes que me pego feliz e me olho no espelho imaginando se estou vivendo a minha fase mais bonita.
Há certas vezes que estou feliz e saio na rua observando pessoas de todas as idades e me perguntando se elas vivem sua fase mais bonita da vida, se sim, se as mesmas pensam a respeito disso quando estão felizes de frente pro espelho.
Se vejo crianças de grandes olhos e olhar curioso, de rostos vermelhos e suados de tanto correrem nas brincadeiras de uma vida que até no momento não precisa ser levada a sério; Certamente me pego imaginando que não há fase mais bonita que essa.
Se vejo adolescentes que - depois de se perderem em uma vida até então confusa e ausente de espaço que lhe caiba, aprendem a se esconderem das perguntas dos pais sobre onde e com quem estavam - se encontram no primeiro beijo; Tranquilamente os imagino vivendo a aventura de uma vida na sua fase mais bonita.
Se vejo adultos que sentem que o são por não conseguirem obter resposta alguma sobre algo relevante e ainda assim terem que pagar pela pergunta - em papel ou crise existencial –, e que mesmo nessas condições ainda conseguem aproveitar a leveza do dia e o frescor da noite, sinto que, embora não reparem, merecem serem enxergados pelo espelho e pelo mundo vivenciando a fase mais conturbada mas, ainda assim, mais bonita.
Se vejo idosos de pequenos olhos e olhar profundo de toda uma vida repleta de brincadeiras, de primeiras experiências e de incertezas, que pensam terem dedicado muito tempo só às tristezas mas, que quando encontram - ao repousarem em sua cadeira de balanço - a poesia de um pôr-do-sol no final de tarde -, idealizo-os repletos de uma paz ao se enxergarem no espelho e notarem nas rugas o retrato de toda uma vida que - por conta de tantas tristezas, mas também de tantas alegrias - viveu as suas fases mais bonitas.