ASIM ESTAVA ESCRITO

O primeiro e único gato que tive era macho, preto, com colarinho e patas brancas.

Conhecemo-nos quando aparecia miando como se pedisse comida. Dormia na praça em frente entre arbustos, mesmo que chovesse e fizesse frio.

Com o tempo, tomou a liberdade de entrar e ficar no sofá assistindo a tevê e até ganhou o nome de Luan.

Fizemos portinhola para ele sair e entrar quando quisesse.

Domingo à tarde ocorreu a tragédia. Médico residente a poucas quadras, criador de pássaros, apareceu com o Luan pendurado pelas patas traseiras ,com uma das mão e, na outra, um porrete. Via-se que bichano estava morto. Disse gritando, jogando o corpo do animal em minha direção. –Este gato nunca mais vai cobiçar canários de ninguém.

Fiquei chocado. Não reagi. Esperei o médico ir embora, peguei o Luan ....e enterrei-o na praça.

Recentemente tive notícia do tal médico que mudara para outro bairro. Acometido de câncer, sofreu várias cirurgias. Perdeu os cabelos com o tratamento. E veio a falecer magérrimo.

Esteja onde estiver, o Luan deve estar sentindo o gostinho de vingança, ao saber da notícia.

Aqui faz, aqui se paga, é o desígnio.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 17/04/2018
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