Paradoxo

O Velódromo e o Hospital

Um presente sagrado, o grande elefante branco, a vir do norte da Europa, que deve ser cuidado para que seu pelo seja sempre impecável. Sua textura deve ser conservada em baixa temperatura que faz com que o orçamento de seu possuinte seja em torno de milhões de reais. Do outro lado há um elefante negro nascido nos braços do povo fluminense que tomou posse do mais socorrista da baixada.

Enquanto o animal sagrado é desprezado pelos seus adestradores, que se importam apenas em mantê-lo vivo, o outro é lotado de descasos dos casos. O Elefante negro necessita de ajuda, suas orelhas não abanam mais, todavia, sinalizam o pedido de socorro, ignorado pela união, pelo estado e pela cidade. Sua penugem fede a sangue pisado, empoeirada pela ausência das escovas e seu estado é tão precário quão a cela da prisão do magnata.

O elefante branco não pede socorro. Solitário, ele permanece intacto, refrigerado pelos cofres licitados dos caçadores de marfins. Sua tromba emite sons para os outros animais gigantes alvos como a neve, sons desconhecidos e imperceptíveis. Seu olfato é capaz de sentir a distância da multidão que não mais o abraçará.

O elefante negro pede socorro. Lotado, ele padece aos poucos. O calor aquece todo o seu organismo a fazer com que os resultados de suas ações sejam não conformes. Sua aparência é de morte diagnosticada como falência completa dos órgãos.

É vital a morte do elefante branco e a vida do elefante negro.

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 16/04/2018
Reeditado em 16/04/2018
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