A flor mais exótica da praça

Sentado no banco de uma praça, observo a movimentacão dos transeuntes. As pessoas vão e voltam tomadas pela pressa, como se suas vidas se cerrassem à meia noite do dia que se procede. Elas tão pouco admiram a beleza das flores, o cantar dos pássaros e a natureza idílica do lugar.

Eis que em meio a tantos passos de vai e vem, avisto uma flor exótica complementando aquela paisagem. Não era atraente, pelo contrário, aparentava ter sido pisoteada e despedaçada; estava tão murcha que já não se via mais a exuberância que antes possuía. A murchidão talvez fosse pelo fato d'ela não receber água faz algum tempo, mas no lugar, receber um vinagre de sabor amargo, cuja composição é regada de dores e sofrimento.

Em volta daquela flor desprezada, havia muitas famílias felizes, crianças brincando, casais namorando, idosos conversando e outras pessoas transitando normalmente. Alguns até fitavam aquela flor, mas fingiam não vê-la, enquanto outros, evitavam o olhar ou a encaravam com mais e mais desprezo. O que fizera aquela flor para ser tão repelida? Nada. É um desprezo gratuito difícil de compreender.

Aquela flor tinha nome, tinha endereço, tinha família, tinha alegria, mas ao cair na praça, nada mais tinha a não ser desprezo e o título de 'mendigo'. O mundo não precisa de menos flores, precisa mesmo é de jardineiros dispostos a resgatá-las e trazê-las de volta à sua essência.

Leonardo Salomon
Enviado por Leonardo Salomon em 15/04/2018
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