Um romântico Urbano...

O urbano tragou nossa sensibilidade, selvas de pedras erguidas a nossa volta. O ar puro daqueles belos bosques, agora cinzento por causa da fumaça dos veículos.

A humanidade desumana,

Em meio aos que manipulam e, odeiam uns aos outros...

Difícil encontrar aquele que ama.

Na minha pré-histórica forma de ver o mundo, passei por uma pequena fonte de água, esquecida no meio da praça! Nela um pequeno pássaro parecia divertir-se, jogava água para cima com suas pequenas asas, e parecia não se importar com o vai e, vem das pessoas que por ali transitavam. Alguns metros dali, o poderoso rio, poetizava suas batidas no quebra mar. Publicava entre uma onda e outra, sua força, romance e, beleza. As pessoas em sua frenética correria, nem davam-se mais conta do espetáculo a sua volta. No descuido do ir e vir ou, quem sabe insensibilidade e, falta de educação, vi algumas pessoas mancharem o belo discurso do rio com seus dejetos, plásticos, garrafas.

Parece notório enxergar o poeta vendo sua obra sendo borrada, por mãos que não entendem sua arte. Em meio ao caos urbano, eu encontrei um pedaço de papel ao chão, claro! Não havia sido eu, quem o deixara ali, mas me senti responsável por colhe-lo e, lançá-lo em uma lixeira próximo dali. Na minha curiosidade, ainda desembolei o pequeno pedaço de papel. Maravilhoso pensei, ao me deparar com o conteúdo. Havia poesia naquele papel, sim! Alguém escreveu uma poesia naquele papel. Provavelmente mulher, por causa da beleza da letra. Sentei-me no corrimão do quebra mar, silenciei meus pensamentos, acalmei a ansiedade de resolver meus problemas e, mergulhei naquele pequeno pedaço de papel. Pois é! Parece que alguém aí entre estes tantos comuns no mundo, é mais um daqueles raros seres com leveza na alma. Passei longos momentos refletindo, se a suposta poetiza do pedaço de papel, houvera jogado fora o seu lindo poema, por uma desilusão amorosa, ou se o tinha perdido! Mas todo amassado? Como poderia ter perdido? Nas entrelinhas tão bem estruturadas, ela mencionava um pássaro a banhar em uma fonte, falava da beleza das maresias do Rio, que para ela simbolizava a força das ondas, com um amor que batia em seu peito, derrubando seus muros de arrimo. Olhei a minha volta, os carros indo e, vindo. Pessoas gritando, outras falando alto ao telefone, um casal desbaratinado, de mãos soltas. E por que eu imagino que sejam um casal? Bom, eles diziam algo como; "minhas prioridades são mais importantes, ou aceita ou, se separa".

Do tempo em que estive aqui sentado, parece que neste caos urbano, nesta floresta de pedras, o único tesouro que encontrei, foi este pedaço de papel contendo um pouco da alma de alguém, provavelmente pisoteada e, amassada como este papel.

Deveras o destino me permitisse encontrar a poetiza deste papel... Eu diria a ela que mesmo o mar da vida sendo poluído pela ganância humana, muitos humanos ainda sabem ler a linguagem das ondas, ainda enxergam beleza nos pequenos parágrafos da natureza, ainda atentam para as pontuações do destino.

Eu devolveria seu pedaço de papel com esta poesia e encerraria minhas palavras dizendo; Guarde sua alma, não jogue fora teus pedaços mais bonitos porque alguém não apreciou ou, não entendeu teus capítulos. Continue se publicando, seja esse conteúdo diferente dos demais. Seja um diferente no meio dos iguais. Um dia, alguém se apaixonará por tua história, e quererá fazer parte dos capítulos seguintes, sem a pretensão de um ponto final ou, de querer outras ondas que não sejam a do Rio deste teu amor.

(Hámilson Carf)

Hámilson Carf
Enviado por Hámilson Carf em 13/04/2018
Código do texto: T6307537
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.