Eu queria ser a que não está nem aí

Às vezes eu queria um pouquinho só, não me envolver tanto com as coisas que acontecem a minha volta e que bem tento fingir que não vejo ou não to nem aí. Não sei, nasci canceriana. Caso prefira não citar astrologia, tudo bem. É que faço uso dela sempre que quero justificar alguma coisa no meu comportamento. Se a Grécia antiga podia usar mitologia para explicar tanta coisa, não vejo mal em talvez pesquisar sobre a posição da lua pra explicar quando estou menos ou mais sensível. Mas isso me faz também perguntar onde a lua estava quando o mundo, e principalmente o Brasil, virou essa bagunça toda. Qual a posição da lua quando nasceram Mandela, Hitler, Pinochet, Lula, Temer, professora Heley de Abreu e Dilma? – a minha mãe, no caso – que carrega esse nome desde o abril em que ela nasceu. Mamãe sabe ser rude e doce. Muito mais rude como mãe e muito mais doce como avó. Juro que já coloquei em oração para que a vida não me fizesse como ela, talvez por achar que sou como ela em muitas situações. E isso não coloca à prova meu amor por ela. Mamãe é de aries. Bem, fato é que confesso: queria ser a que não está nem aí. Mas não sou. Conheci pessoas que parecem estar alheias a tudo, pessoas com todas as setas apontadas para o próprio ego e a paz de espírito que vendem ter. Fiquei analisando Raul Seixas cantando “eu sou egoísta” na época que tudo podia e nada podia. Estou com tanto pensamento solto e desconexo que de superstição por superstição, acho que a quinta 12 está mais estranha que a sexta 13. Me perdoem por isso. Por sorte, há pessoas com alma tão leve que mesmo com o sinal fraco da distância, tem conexão melhor que WiFi. Há pessoas que te passam uma tranquilidade tão boa que até parece que elas comem paz. Posição da lua? Não sei. Mas são com essas que gosto de me envolver. São essas que me acalentam com tantos signos a minha volta.

*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)