BREVES "FLASHES" DOS AZEVEDO (parte 2)

BREVES "FLASHES" DOS AZEVEDO (parte 2)

Ter "2 nomes" parece ser praxe entre os AZEVEDO... e nem falo de nome duplo como Antônio Carlos ou Maria do Carmo. Temos vários Joãos -- inclusive meu primo Joãozinho, de quem ninguém fala -- e Antônios, 3 Cincinatos e Marias às pencas, mesmo "falsas" como minha mãe. Há uma "Mriam" (Maria, em iídiche) que, segundo dizem, é na verdade, Maria do Carmo, cujo filho se chama "João Antônio", digo, JONATHAN, que nos "States" seria corruptela de John Anthony, pronunciado lá como "Jon Ântan" que o Brasil "adaptou". Há um "João made in France", o Jeancarlo, com um filho de nome árabe, salvo engano. Nós fomos batizados Celso e Sérgio, na Maternidade éramos Damião e Cosme, "saídos" com diferença de 15 minutos. "Tirados a ferro", segundo dona Apolônia, mas creio que era maluquice dela, que nunca foi uma pessoa muito estável. Quem usasse roupa de cor vermelha na frente dela arrumava uma "inimiga" eterna e feroz, era a côr "da Pomba Gira". Católica, "misturou" a vida toda Umbanda mais Espiritismo e fé cristã numa "panela" só e não dispensava um banho "tcheco" com sal grosso, arruda, palma de São Jorge ("espada") e sabe-se lá mais o quê.

Adorava "jogo do bicho", jamais ganhou 1 só centavo e gastava xícaras de chá "ou café) para "ler" o bicho do dia, "apagando" um palito de fósforo no líquido escuro. A Família é de "pé frio", não sei se essa nova geração vai mudar isso. Tenho a sensação que está no meu Destino ganhar uma "bolada"... resta saber o quanto há de ILUSÃO nesse sentimento, nessa "certeza".

Filha de Genoveva Maria de Jesus e José Luís Coelho de Moraes (que ela dizia ser padrasto) APOLÔNIA DE MORAES nasceu em 29 de janeiro de 1913 -- ela afirmava ser de 9 de fevereiro -- em Conceição do Mato Dentro, vilarejo da mineiríssima Mariana e, na juventude, trabalhou numa fábrica, nunca me disse de quê. Teria aprendido a tocar violão e cantava muito bem, afinada e respirando entre os versos. Meu irmão gêmeo não lembra disso, a chuva batendo no teto de zinco, panelas e latas na única cama do "quarto" exíguo para aparar as goteiras e ela cantando... "Santa Clara, Santa Rosa", etc. Gravei algumas das canções em meu espaço no YouTube -- confiram em... "user/natoazevedo" CANTIGAS ANTIGAS -- que por serem de 1910/20 já podem ser regravadas, sem problemas com direito autoral, que se extingue após 70 anos.

Lia muito pouco, aprendeu a assinar seu nome e só usava o lápis para anotar "palpites" do Jogo do Bicho. Assim que nascemos, nos batizou Celso e Sérgio e o pia, avisado, disse que eram nomes de pobre, nos registrando com os sonoros Cincinato e Renato. Para nos pôr na Creche da paróquia de Copacabana, aos 3 ou 4 anos, a mãe teve que tirar certidão de nascimento dos 2... e tirou ! "Casa dos Pobres", a creche era um paraíso: comida boa, soneca depois do almoço, aparentemente havia aulas -- fomos fotografados com caderno, ábaco e lápis na mão -- o terrível dentista mensal e a apavorante máquina "de tomar sol", luz azulada e quente, "microondas" gigante aterrorizante, de causar traumas pra vida inteira.

Dona Apolônia só trabalhou... empregada doméstica por mais de 40 anos, 22 deles na mesma casa, na Galeria Menescal, apartamento 701, em Copacabana, família Campos de Mel(l)o eu acho, além de longo tempo em várias outras. No Flamengo prestou serviço para o embaixador do Canadá e adorava repetir "napá dequá" e "merci bocu", entre outras expressões francesas. Veio daí meu amor pela França -- terra da "liberdade, igualdade e fraternidade", coisas que o Brasil desconhece -- reforçado por 2 anos de Francês no Seminário Menor (PR - 1965/66), quando nem se sonhava que o idioma dos Beatles dominaria o Mundo. Antônio Carlos, o "novo Tio NATO" -- pelo muito que fez à Família -- deu 20 anos de lazer a ela no Pará, que partiu em 25 de julho de 2005, aos 92 anos.

Quanto a nós, "Damião e Cosme" (êle nasceu primeiro), Celso e Sérgio ou "Nato" e Renato -- tenho um LUÍS de Crisma, escolha minha -- enquanto os demais trabalhavam, nós só "curtimos" a Vida. Ficava-se num emprego por 4 ou 6 meses e, depois, nos demitíamos, apenas para gastar o FGTS e a indenização em discos de rock e revistas em quadrinhos (HQs), tivemos mais de 2 MIL delas. Dispensado pelo Exército por "subnutrição" (isento), resolvi "serví-lo" como Celso tempos depois, passando fome no Morro e sem perspectivas de arrumar emprego. Tempo inútil: dei 3 tiros o ano inteiro e aprendi somente a tomar banho em 3 minutos (ou menos), água a 10 graus jorrando de um tubo de 60 mm e 92 homens pelados no mesmo banheiro. Pra meu castigo, a EMBRATEL -- na qual trabalhei como temporário -- me chamou na mesma época, eu já de "cabelo réco" e impedido de pedir dispensa do Serviço Militar, pra não chamar atenção.

Por 4 ou 5 anos nosso irmão mais velho insistiu que viéssemos para Belém... e nós recusando ! Quando em 1983 uma imobiliária "pagou o IPTU" da pedreira íngreme -- expulsando famílias inteiras que nela viveram por 40, 50 e até 60 ANOS -- vimos que era hora de sair. Como diz o samba de "Zeca Pagodinho"... "deixei a Vida me levar", nada construí e nada tenho. Felizmente esta casa -- que nos abriga desde março de 1991 é presente do Antônio Carlos, mais 1 aliás, e seu filho Jeancarlo tem nos socorrido sempre que precisamos. Essa é uma breve história dos AZEVEDO... que cada um que me lê conte a sua, pouco importa a Ortografia, cacófatos ou "estilo".

"NATO" AZEVEDO -- (em 5-6/abril 2018)

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OBS: as fotos citadas estarão em meu espaço no FACEBOOK em 31/maio. Confiram em... cincinato.palmasazevedo )