ELOS PERDIDOS
Ao chegar próximo do fim do prazo de validade, a saudade aperta e traz com ela à memória lembranças que estavam enterradas há muito embaixo do tempo.
Saber, por exemplo, aonde andam os colegas do grupo escolar, da faculdade, do trabalho? Das pessoas que desinteressadas nos ajudaram a galgar na vida.
Nessa busca tive alegria e desilusão. Mais desilusão. E o fulano? Não soube? Morreu em...o mesmo com o sicrano... Puxa, eles eram bem mais novos...Vivos, alguns. Mesmo, assim, como a gente, na pior idade. Marca passo, stent, cadeira de rodas, aparelho auditivo, bengalas, gasto com medicamentos superando ao do supermercado é a rotina.
Certeza de que partiremos sem levar nada. Em pouco tempo não seremos nem lembrados. Por isso, dizem: teria amado mais, trabalhado menos, bebido mais, viajado mais, mentido mais...
Por falar em beber, até nisso sofremos preconceito. O cliente da mesa do lado é servido chopes com canecão. Para nos, idosos, em copo pequeno.