ELOS PERDIDOS

Ao chegar próximo do fim do prazo de validade, a saudade aperta e traz com ela à memória lembranças que estavam enterradas há muito embaixo do tempo.

Saber, por exemplo, aonde andam os colegas do grupo escolar, da faculdade, do trabalho? Das pessoas que desinteressadas nos ajudaram a galgar na vida.

Nessa busca tive alegria e desilusão. Mais desilusão. E o fulano? Não soube? Morreu em...o mesmo com o sicrano... Puxa, eles eram bem mais novos...Vivos, alguns. Mesmo, assim, como a gente, na pior idade. Marca passo, stent, cadeira de rodas, aparelho auditivo, bengalas, gasto com medicamentos superando ao do supermercado é a rotina.

Certeza de que partiremos sem levar nada. Em pouco tempo não seremos nem lembrados. Por isso, dizem: teria amado mais, trabalhado menos, bebido mais, viajado mais, mentido mais...

Por falar em beber, até nisso sofremos preconceito. O cliente da mesa do lado é servido chopes com canecão. Para nos, idosos, em copo pequeno.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 10/04/2018
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