AO AMIGO LEITOR.

As vezes, quando quero refletir sobre a minha vida e ter um pouco de privacidade, eu me sento em uma das cadeiras de balanço que há em minha garagem, geralmente depois das nove da noite, esse é meu lugar de refúgio. Depois das nove é um dos poucos horários onde consigo um pouco de privacidade, não silêncio, privacidade controlada - falo isso devido ao fato de morar em uma rua bem movimentada - mas em geral, me serve bem estes minutos preciosos sozinho.

Hoje por exemplo, é um desses dias, e neste exato momento, dia 09 de abril de 2018, estou aqui, sentado na cadeira de balanço em minha garagem, que não é tão grande assim. Eu acredito que a garagem tenha uns sete metros de comprimento por seis de largura. O portão é de ferro, modelo simples, grades quadradas sobrepostas em uma estrutura retangular, com espaçamento de dez sentimentos entre barras, onde as mesmas foram soldadas com uma inclinação de 35 graus, pintado em um tom de vermelho, que pelo tempo e a sujeira, já nem parece mais vermelho. Sendo assim, da posição onde estou, a exatos 4 metros do portão, me permite ver a rua perfeitamente, os seus transeuntes apressados, os carros velozes, e as motos barulhentas. O meu carro fica ao meu lado direito, ocupando parte da garagem. Como eu disse anteriormente, eu me sento aqui depois das nove, e sempre mantenho as luzes da garagem apagadas, é confortável ficar no escuro.

Não sei bem mais o que dizer, ou, sobre o que escrever, verdade é, que o meu dia não foi dos melhores, pensamentos soltos, lembranças ruins perambulando na memória. Eu até tenho muito trabalho a fazer - trabalho esse relacionado aos meus livros, meus romances por exemplo, necessitam de serem terminados, entre outras coisas - contudo, me falta disposição, o que seria mais especificamente, uma indisposição devido a aflição e a angústia cruciante desses dias últimos, eu acho que é mais ou menos isso. As semanas que se passaram foram assim, indispostas, difíceis, trabalhosas.

Só para deixar registrado, eu estou há um ano desempregado, com uma causa trabalhista na justiça, justamente pela injustiça a qual fui eu submetido. Trabalhei duro por quinze anos em uma empresa metalúrgica, e devido aos trabalhos pesados, tive que passar por uma cirurgia na coluna lombar, no ano de 2016 - artrodese lombar, quatro parafusos duas hastes e um prótese intervertebral -, agora, desempregado, sequelado e restrito, muita coisa mudou, o jeito é esperar. Este meu pequeno problema digamos assim, aliado a outros mais que não me sinto à vontade para falar, está tirando a minha paciência, deixando-me extremamente angustiado e aflito. A minha única válvula de escape no momento, são as palavras, a literatura, onde através de crônicas, posso conversar contigo, caríssimo amigo leitor; e desabafar com você também, cujo semblante eu até posso imaginar na tela do pensamento, eu sei que você está presente em algum momento. Me alegra saber que você estará lendo essa crônica em algum momento do seu dia, talvez em seu escritório, talvez no banco de um ônibus, quem sabe na escola, na faculdade, ou, solitário como eu, não importa onde você esteja, o que importa é que eu posso imaginar o seu olhar grudado nestas letras que compõe esse relato, que aliás, foi escrito para você, amigo leitor, eu o vejo olhando para mim, com um discreto sorriso, e dizendo baixinho. " Você não está só amigo". Por esse motivo, ao amigo leitor, com todo o meu carinho, dedico essas palavras a você.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 10/04/2018
Código do texto: T6304654
Classificação de conteúdo: seguro