Hienas

Abrem-se as cortinas, tem início a comédia, humor pastelão, onde o absurdo provoca o riso, onde extremar o simples se faz engraçado; o teatro burlesco, burla, literalmente, a expressão da verdade; comédia onde os atores querem rir, não pelo conteúdo engraçado do texto, mas por estarem conscientes de que usam a caricatura para encenar um texto, que deveria ser sério... se o gênero não fosse comédia. Porém,Píndaro, um poeta lírico grego já afirmou: O dia precedente é o mestre do dia seguinte. E eu sei, “amanhã vai ser outro dia (Chico Buarque.

O sarcasmo conduzia o enredo, os fatos deformados endereçavam o hilário à platéia, o canastrão no palco era visto como se o seu péssimo desempenho artístico fosse uma estratégia do texto.

O palco era uma farsa, mas a mensagem deveria se fazer valer, só restava à platéia, o riso, ou o pranto, aqueles que assistiam deveriam revelar a emoção daquilo que era encenado, a tristeza, ou a alegria despertadas seriam a réstia de verdade, de concreto, de tudo aquilo que foi proposto e levado ao palco.

Não há que se chorar por uma farsa, por uma trama engendrada para mascarar a falsidade do circo, e em assim sendo, saímos da arena impassíveis, pois também não há motivos para risos, afinal não somos hienas.

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 10/04/2018
Reeditado em 10/04/2018
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