A velha mania de viver de aparências...
Lembranças de uma cidade, de um clube social de uma velha cidade do Interior do Brasil....
A velha mania de viver de aparências...
Devo confessar que sinto um certo desânimo com as pessoas que parecem mais preocupadas com aplausos, vaidade e sensação de superioridade do que com o real resultado daquilo que pregam.
Pessoas que vivem do expediente da falsa modéstia. Falam frases de efeito, dão lições de superioridade e suposto sucesso. Tudo para parecer ser aquilo que não são.
Na era das máscaras, dos Deuses embusteiros, percebo que ganha prestígio e visibilidade quem consegue blefar mais, tanto para os outros, quanto para si o que é mais triste ainda.
Nesse contexto, é fácil de se deparar com situações em que a forma é maior que o conteúdo, às vezes inexistente. E exemplos não faltam. É só observar algumas inversões de valores que existem por aí. Situações que em tese deveriam ser primárias figurando em segundo plano. Festas de casamento que tornam-se mais importantes que o amor, comemorações de aniversário que fazem mais sentido que a gratidão de estar vivo, fotos na rede social que ganham mais proporções que a alegria do momento presente e por aí vai.
Às vezes, este cenário de estranheza social chega a atingir até a esfera espiritual. Há pessoas que vão à igreja e, enquanto rezam em prol da paz mundial, procuram o melhor ângulo do altar para postar no Instagram. Outros acreditam que basta ir à Índia para ganhar uma espécie de salvo conduto e continuar vivendo no mundo de contradições e falsa iluminação.
Mas nem tudo que reluz é ouro. Quem vive refém dessas farsas e blindado contra a realidade, geralmente é vítima de um profundo auto engano, por isso precisa lançar mão das aparências para encobrir um doloroso complexo de inferioridade.
É como se fosse uma baixa autoestima cercada por muralhas: na ausência de virtudes e verdades, entram os disfarces e as ilusões.
Vale lembrar que, às vezes, a máscara vira rosto como única forma de sobrevivência, pois sem ela nada resta a se mostrar. tudo é farsa na pretensa vida super bem resolvida dessa gente superlegal envolvida em jantares super inteligentes”
Como para todo teatro existe uma plateia, quem mantém a casa lotada para o espetáculo do ator social são os aduladores, que ora estão na plateia, ora no palco, retroalimentando a divina comédia humana que está mais para filme decadentes...