Apavorante

Para mim, é apavorante a ideia de que eu posso te perder a qualquer instante. Por qualquer motivo, ou qualquer pessoa ao nosso redor. Pensar que você pode sofrer um acidente na rua, ser assassinada a sangue frio, ou até mesmo esbarrar em alguém quaisquer e se apaixonar ali mesmo, esquecendo toda nossa história e começando uma nova sem mim. Sabe quando estamos andando na rua e você está do lado dos carros? Eu te puxo para o meu lado e fico no seu lugar, não é? Sempre vejo nos teus olhos a incompreensão, mas por puro respeito e amor, você só sorri e continua o caminho. Sabe essa minha atitude? É medo. Nunca se sabe quando um louco pode fazer uma barbeiragem e no caminho, estar alguém. Se isso um dia chegar a acontecer, eu estarei ali, te protegendo. Este pequeno exemplo foi para te mostrar o quanto me apavora a ideia de te perder; é apavorante pensar que um dia posso acordar e você não estar mais ao meu lado; é apavorante a ideia de que tu podes simplesmente enjoar de mim, que tu pode acordar numa manhã cinzenta e me falar que cansou da minha vida pacata e que quer algo a mais que com certeza não irei poder te dar. E sabe o que é mais apavorante ainda? Saber que tudo isso pode sim acontecer, mas que não tem como eu saber. Tem como não se apavorar com isso? Sim, eu aguentaria se, por ventura, isso acontecesse. Afinal, você me ensinou a ser forte. Mas garanto que isso nunca mudaria o que eu sinto. Tanto que, depois de uns anos longe um do outro, quando nos encontrássemos no único mercado aberto na cidade no domingo chuvoso à noite, – você para comprar mais carne que faltou no churrasco, e eu para comprar o vinho que esqueci para o jantar – logo depois das compras e de termos nos evitado ao máximo dentro do mercado, nos encontramos na parte de fora, cada um a esperar sua carona. Olhando a chuva cair, quando tomo coragem de te chamar e talvez falar um: “Ei, você andou sumida. ”, - você sabe que nunca fui bom em puxar assunto – sua carona chega. Te vejo, mais uma vez, indo para longe e cada vez mais se aprofundando dentro de mim. É apavorante a ideia de que isso tudo que falei não me parece mais tão absurdo, e até mesmo faz algum sentido. É apavorante a ideia, agora cada vez mais firme, de que um dia posso te perder. Dentre suas loucuras de me acordar às 3:27 da madrugada para pedir que eu faça a torrada que tu tanto gostas que só eu sei fazer, e dentre minhas paranoias, como a do carro que comentei agora pouco, nós nos entendemos como ninguém. Então, por favor... entenda meu medo. E se não conseguir entender, só.... Fique.