SOBRE OS CÃES DE RUA E AS CRIANÇAS QUE PASSAM FOME

Sobre o assunto cachorros abandonados fui obrigado a tecer alguns comentários visto que estão causando bastante debates. Achei-me no direito de também fazer o meu.

Parece que existe um pensamento equivocado daqueles nervorosos defensores dos “amiguinhos patudos”, uma espécie de polarização, acreditando sempre que quem não concorda com o projeto de lei que institui a criação de casinhas comunitárias seja contra o cuidado com nossos amiguinhos abandonados.

O que é um erro.

Não é porque eu não concorde, que eu não goste de cachorros.

Inclusive convido a quem quiser, que venha fazer uma visita aqui em casa e conhecer o Leon, a Pituxa, a Latoya, a Maya e a recente mamãe Corina que acaba de dar à luz a cinco lindos vira-latinhas , filhos de um vira-latas aqui da frente de casa.

O que convém analisarmos é que em nossa cidade existe muitos problemas mais urgentes a serem resolvidos e que em meu ponto de vista muito mais importantes que os do tema em questão.Mas é apenas minha opinião.

Digo estas palavras porque me encontro na condição de presidente do Centro Sócio Educacional e Cultural São Judas Tadeu. Talvez você não o conheça por este nome pomposo, mas com o nome de Creche da Irmã Maria você certamente já ouviu falar. Está localizado aqui na Barbacena, inclusive bem próximo do antigo canil municipal.

Quando você vier visitar meus cachorros terei o maior prazer em te levar lá também.

O contato com pessoas em condições de vulnerabilidade social tão próximas da gente, nos fornecem uma visão mais apurada da ordem de prioridades que seria conveniente seguir. Nos fazem concluir que um cão, mesmo que morando ao relento do inverno, como foi citado em alguns comentários, o que é da própria natureza rústica do animal, meio a que já estão adaptados, contemplam uma qualidade de vida muito superior a maioria das pessoas as quais temos contato diariamente em nossa creche.

Para aqueles que acham que a maior desgraça do mundo seja ver um cachorro dormindo na rua, desprotegido, também convido para, além da visita a meus cahorros e a creche, que venha comigo para passearmos pelas ruas que rodeiam nossa instituição. Pode ter certeza que você encontrará muitas pessoas que também gostariam de serem incluídas neste projeto assim como os gatos e os cachorros, por que com certeza receberiam mais atenção por parte do município e dos preocupados edis, do que recebem agora.

Conheço famílias que ficariam imensamente felizes se ganhassem uma casa, guardadas as devidas proporções, semelhantes a estas casinhas do projeto.

Nossa instituição não recebe nem um tipo auxilio, por mínimo que fosse da parte do governo municipal, e não é por falta de pedidos que foram muitos, mas chegou um momento que desistimos por nos sentirmos fazendo, desculpe o termo, “papel de bobo”.

Mas seguimos em frente. . .

O que nos mantém é a solidariedade de uns poucos anônimos que nos brindam com suas doações, e a caridade daqueles que sabem da importância de instituições como a nossa.

Sei que agora, ano de eleições, muitos irão nos visitar, nos oferecendo benefícios, auxílios e um sem fim promessas. Já estamos calejados com estas explosões de bondades momentâneas. Mas o que realmente queremos é dar a todos os que chegam em nossa instituição, aquilo que pudesse amenizar os seus sofrimento.

Então, quando alguém se manifesta dizendo que somos cruéis e desumanos por discordarmos da ajuda aos cães, numa cidade em que existe tantas prioridades com relação aos seu moradores, seres humanos , somos obrigados a esclarecer nossos pontos de vista que com certeza foram mal compreendidos.