Ponto final
Este não é o lugar onde os transportes coletivos param, no fim do percurso.
Tão pouco é aquele ponto final quando um romance turbulento termina, onde fica pairando no ar uma série de mágoas e paixões mal resolvidas. Dois seres que caminharam juntos e tiveram que enfrentar uma bifurcação no caminho e cada qual quis seguir seu rumo sem a companhia do outro.
Este ponto final é, tão somente, aquele pontinho final que se coloca no final de uma frase, seja ela romântica; seja ela dura e cheia de “sapienti” conceito filosófico; seja ela uma pura brincadeira entre amigos que gostam de jogar conversa fora. Sim, este ponto final pode não ter conteúdo se observado isoladamente. Quando olhamos o contesto e faltar o tal micro borrãozinho no final de uma frase ficamos a conjecturar se teria sido por falta de cuidado do escritor ou porque o pensamento ainda está aberto e ele não se dispõe a encerrar porque virá maior inspiração, talvez mais tarde, talvez amanhã. É como um quadro não envernizado que o pintor aguarda para algum retoque que sentirá necessidade de dar em outro dia, ou outra hora.
Esse ponto só pode ter sido criado porque algum escritor ficou pensando e descansou sua pena sobre o papiro, marcando com um ponto e criando simultaneamente um grafismo para dizer “fim”.
Ponto final desprezado e desconsiderado que diz tanto sem dizer nada, tal como esta crônica que escrevo em homenagem a duas amigas que disseram, sob forma de elogio, que tenho enorme poder de síntese.
Realmente, queridas, ponto final não passa de um pontinho, e ponto final! (este casado com um risquinho vertical).