Desistência
Desistiu de tudo. De beber, de correr, de viver. Desistiu das letras. Da poesia, da magia que fazia seu encanto.
De tudo que tinha abriu mão. Por preguiça, por desalento, foi-se ao relento.
Engoliu seus ais, suas migalhas, seus sapatos gastos, sua roupa rota, o colchão sem palhas.
Jogou-se a um canto e ali se fez constante. Perdeu o brilho, o lusco, o fusco, o barranco do rio.
Abandonou o trabalho, rasgou o baralho, jogou fora as tintas, os pincéis e os cinzeis.
Esqueceu até o lixo.
Mas não morreu. Só apagou.