Um estranho "Happy Hours".
De novo ao hospital, mas juro, desta vez não há crítica alguma. O tempo ia passando e a minha esposa continuava internada, mas a vida aqui fora não permitia parar a ampulheta, a areia continuava caindo ...
Sempre fazíamos o "Happy Hours" , saíamos para um chopp gelado, e um pouco de música, às vezes dançávamos. Claro que no hospital e nas condições dela era impossível , mas resolvi fazer-lhe companhia naquela sexta-feira sem abrir mão do hábito.
Apareci no quarto à noite, com três "Devassas" (cerveja), e uns petiscos, e ela me perguntou : " Que cerveja é essa ?"- Sei lá, é nova, nunca a tomei antes...já colocando as latinhas no frigobar.
Evidente que ela não tomou e nem comeu , nem ânimo tinha para isso, mas ficou feliz de eu improvisar um bate papo engraçado, contando coisas ridículas do cotidiano, enquanto bebericava as cervejas, a noite seria longa e eu estaria no divã ao seu lado. As enfermeiras entravam para medir e espetar, e olhavam curiosas para o acompanhante descolado.
A minha mulher me pediu que levasse a cachorrinha caso ela permanecesse muito mais tempo internada, e eu lhe prometi que sim, por hora que olhasse a foto que eu havia tirado , fazendo seus olhos marejarem de saudade ; " Que linda !".
Claro que cães são proibidos em hospitais, mas ela sabe o quanto sei ser ousado quando quero, e não duvida das minhas pequenas maluquices.