F a s e s
                                                                 
   Crônica





 
Transformar a vida em um conto, seria um resumo bem desonesto, num romance então; Seria tão pouco, tão inútil, como lançar ao fundo do mar uma âncora cheia de histórias sem ter como poder contar, e o próprio tempo se encarregaria da ferrugem. A febre da juventude não resfria com o tempo, numa mente inquieta, porque a sua paixão pela vida, faz parte da natureza da alma, essa chama que não se apaga, antes desconhece o tédio, foge de competições, por sentir nas mínimas coisas, sabor de vitória. A gente vai sonhando e chega um certo tempo em que você já se dá por realizado, é um jeito de felicidade', perder a sua fórmula', e saber que ela não se encontra no final do horizonte, nem em outro lugar, porque se a encontrássemos, viver, perderia todo o sentido. Lembrou o quanto era gostoso ir descobrindo, dia após dia, estar no lugar certo, percorrer o caminho à sua frente, sem nada desperdiçar. O  prazer de viver está nisso, em saber sentir a solidão normal, que habita em todo ser, e descobrir em si, uma ótima companhia. Sorrir à toa,  das próprias tolices cometidas e sentir-se recompensado com os acertos. Você pode mergulhar na angústia e arrancá-la do fundo da sua alma, nas recordações de tantas coisas lindas vividas e saber que tanto se tem ainda à viver, viver uma ardente realidade, desapegar-se daquele amor de fantasia, de romantismo e de poesia, matar o homem imaginário, desconhecido, vez por outra, ainda assim alimentar esse mito, faz até um certo bem, à ilusão, escrever um poema para ele, sabendo que ele nunca irá ler, consciente então de que nada irá acontecer. Sem suco de melão, sem caminhada pelas neves , segurando a sua mão. Sem querer saber se um dia ele gostou de você. Não, não gostou. Esses amores estranhos e loucos, se apagariam com a convivência.

Temos fase e fases... O amor que não foi vivido na íntegra, sempre será o melhor. É preciso se dar uma chance,  ou só alinhavar o amor, esconder-se da realidade, abrir o jornal na página cultural, embora não tenha lá grandes coisas, pelo menos não ler notícias ruins, fugir de situações, polêmicas, não se preocupar com as opiniões. Ser literalmente livre, tem o seu preço. Livre de preconceitos e tabus, ter a liberdade de não querer em dias negro, ouvir a própria voz, nem a voz da razão, e ser louco sim. A vida não sofre o efeito do destino, você pode traçar o que quer.

Aprendi a esperar o anoitecer como se fosse um presente. Quando eu não quero conviver, abro o meu coração e me entrego ao meu espaço individual, para fazer o que eu gosto, e gosto de tantas coisas, nem tenho tempo para tudo. Urgente é colocar comida para os pássaros quando amanhece, fico de longe esperando por eles, e depois gosto do barulho da revoada, voltam para o céu, e eu vou junto em suas asinhas, sentindo um frio na barriga, de tanta  emoção, que  me arrepio, depois desço e vivo plenamente.

_ Liduina do Nascimento












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Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 05/04/2018
Reeditado em 06/04/2018
Código do texto: T6300028
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