QUE POVO É ESTE?
Andava descontente por viver num país tropical chamado BRASIL.A privatização das políticas públicas - a meta atual do capitalismo - impedia que por aqui houvesse mudança. Assim, o lema "país do futuro" era enganação : elites arrogantes e presas ao patrimonialismo, classes médias despolitizadas e uma pobreza carente do apoio de um "salvador da pátria".
Os antropólogos já estavam exaustos de denunciar a mania cultural em valorizar o diploma universitário e desprezar qualquer trabalho quando não oferecesse o rótulo de doutor, cientista ou técnico de nível superior . Nada era mais corriqueiro que os fatos na mídia relatando a atitude pernóstica do "veja com quem você está falando" ou da "carteirada" de juízes ou autoridades públicas na lida com ignorantes dos direitos e policiais . Mesmo com estes maneirismos de povo subdesenvolvido, todos continuavam cultuando suas ELITES embora fossem constantemente traídos ou desprezados por elas. Quem sabe nossa mentalidade herdada do sistema colonial -escravista não seja predominante?
Entretanto, tivemos a influência cultural e política, nos anos 60 dos movimentos de contracultura com o rock britânico - das bandas dos Beatles e os Rolling Stones - tempo de contestação da juventude repercutindo no Brasil com os Centros Populares de Cultura (CPC), a bossa nova que evoluiu para as canções de protesto, a Jovem Guarda, o Tropicalismo e o Cinema Novo influenciado pela nouvelle vague francesa .No século XXI, há um retrocesso dos movimentos de radicalização , o sonho acabou e tudo foi virado pelo avesso . Estes movimentos foram absorvidos pela indústria cultural. Agora, não temos mais UTOPIA e só vivemos o instante, o aqui e agora.
Nas palavras dos sociólogo Francisco de Oliveira nosso tempo é marcado pela desvalorização tanto da história quando da política . São tempos de conformismo. Noam Chomsky analisa o atual comportamento humano priorizando a irracionalidade individual, manipulada pela mídia e o mercado, sempre em busca do prazer consumista, deixando-se influenciar pela corrupção e a insensibilidade social.
Na segunda década do séc. XXI, os movimentos de combate à exclusão social apareceram na mídia exigindo mudanças no sistema. A partir de 2010 a insatisfação coletiva desaguava na juventude do OCCUPY nos EUA , na Primavera Árabe , e com os imigrantes de todas as etnias e credos que se ergueram contra a segregação dos guetos e o desemprego na Europa em crise econômica.
Em 2013, como efeito-demonstração, ressurgiram grandes manifestações de rua no Brasil com o Passe-Livre , a Mídia Ninja e o Black Bloc. Essas turbulências políticas abriram o panorama do inconformismo e da rebeldia que retornaram à ordem do dia . Entretanto,estes fluxos contestatórios foram intensos e breves, mais espontâneos e, por isso, rapidamente desarticulados pelas forças repressivas.Em 2018, o contexto mundial aponta para um refluxo do movimento de massas e um retorno das disputas políticas entre facções. O povo, em muitos países, nem sequer se coloca como observador é mais um mero espectador,apático e indiferente perante o genocídio dos povos árabes com as guerras imperialistas no Oriente Médio. Esta "banalização do mal" provoca um reforço dos grupos conservadores, um aumento da xenofobia e do terrorismo internacional.
Por que os países estrangeiros ditos democráticos não fazem nada diante da destruição e morte na Síria? Este massacre é projetado para milhões de espectadores passivos que "olham, mas não querem ver, que ouvem, mas não escutam". Onde estaria a tradição de luta dos países do Primeiro Mundo?
O Brasil como "país-reflexo" de economia dependente e comprometida com as decisões dos centros de controle internacionais, não dispõe nem de autonomia e nem de tradição de luta para atender às necessidades básicas e os direitos da população brasileira. Cabe a nós, a maioria dominada , propor alternativas que nos beneficiem e, que obriguem os Donos do Poder a respeitar aqueles que contribuem para a sustentação nacional de riquezas.
Em busca de desatar este nó, a Escola de Samba do Rio de Janeiro, a Unidos do Tuiuti, em 2018, denunciou o tradicional conformismo de um povo subjugado desde suas origens. Esta Escola tornou-se o lugar do grito sufocado na garganta com seu samba-enredo e carros alegóricos apelando para a luta contra as perdas das conquistas sociais. Até agora, vivemos um impasse de dificil solução: o eixo é a corrupção do Estado pelas Elites, ou as nossas raízes históricas fundadas na oposição entre "casa-grande e senzala"? Vale a pena refletir sobre esta mensagem apontando o caminho para nos libertar do "Cativeiro Social".