E o Brasil continua dopado
Angustia-me a possibilidade real de nós, brasileiros, nunca chegarmos ao nível de desenvolvimento digno para uma vivência plena. Falo do desenvolvimento cultural, econômico e intelectual, além de outros requisitos que são essenciais para o ser humano viver em plenitude. Nos estudos e pesquisas sobre qualidade de vida, educação, saúde, segurança, distribuição de renda e outros, nosso país tem posição garantida sempre na última ou penúltima colocação.
Não sei ao certo o que me intriga mais, se essa triste realidade ou se o comodismo de toda uma Nação. Nosso povo ainda não despertou para a força que tem. Aprendemos a ser guiados e calados pelas autoridades desde a colonização, não tomamos conhecimento ainda das amarras que nos aprisionam e nos alienam constantemente. Nem Marx, nem Hegel, nem Althusser conseguem acordar o gigante que dorme profundamente no embalo da mídia ideológica e do sistema político nefasto.
Tudo parece ter sido meticulosamente arquitetado para manter o povo alheio à realidade, sem condições alguma para reivindicar qualquer direito. Somos mais de 200 milhões, mas estamos planejadamente divididos, guerreando uns contra os outros, enquanto o sistema continua organizado para nos enfraquecer. Países que hoje são referências em qualidade de vida tiveram que passar por profundas transformações provocadas pelo povo. Não são as autoridades, principalmente as políticas, que podem empreender mudanças para melhorar a situação de um país. Pelo contrário, as autoridades, as representações políticas, as entidades e a mídia, são o câncer de uma Nação. Pelo menos é assim no Brasil. O Brasil precisa de uma reforma completa em toda a sua estrutura, mais a reforma política se faz mais necessária. Não uma reforma cabeceada pelas autoridades políticas, uma reforma feita pelo povo. Aprendemos, aliás, obrigaram-nos a aprender a não enxergar a realidade como ela se apresenta. Claro, se temos o futebol, o carnaval, as mais lindas praias do mundo, as mulheres mais formosas, as novelas da globo, para quê perder tempo procurando cabelo em ovo? Difícil entender o que leva milhares de pessoas a um jogo de futebol, outras milhares atrás de um trio elétrico, enquanto outros diversos brasileiros morrem nas filas dos hospitais. No exterior somos apresentados como um povo festeiro, alegre e ainda caímos na tentação de acreditarmos nessa falácia. Quando nos referimos aos problemas sociais, culturais, econômicos e de toda ordem, o silêncio impera, ninguém levanta a bandeira, aguardamos que as coisas se resolvam por si só. Aprendemos o tal “jeitinho brasileiro” que para tudo se tem uma solução, quando na verdade, apenas se tentou tapar o sol com a peneira. Não recebendo benefícios para ir para as ruas criticar político A ou B que nossos problemas se resolvem. Não é sendo radical com um ou outro partido político que as coisas se resolvem. Só um caminho é a solução para todos os problemas que afligem nossa Nação: O povo acordar e tomar consciência da situação de exploração à qual está submetida. Enquanto o futebol, o carnaval, as novelas e a religião forem nossas maiores prioridades, continuaremos sendo alegremente explorados, roubados, silenciados. Mas Tudo bem, o povo está acordando, já conseguem fazer uma gravação de 15 segundos exigindo o Brasil que quer, mostrando apenas os lugares bonitos. Claro, o trabalho de alienação precisa continuar, o povo não pode tomar consciência de sua realidade.