Joana

Era uma quarta-feira, meio de semana, o sol acabava de se por quando Joana encheu seu porta-malas com roupas e biscoitos e saiu sem rumo por aí. Sem avisos, sem destino. Guiada pela música e pelo vento, ela voava pelas estradas. Registrou uma mensagem em sua caixa postal: "Fui viver, ligue outra hora". E lá foi ela, com o coração cheio de medo, mas livre como um pássaro que encontra a liberdade depois de anos num cativeiro. Foi como se ela tocasse as estrelas! Foi-se até perder-se de vista. Joana ansiava pelo novo. Estava cansada demais de todas as ilusões vividas, cansada do peso da vida, cansada da pressa que a prendia. Não fazia ideia de onde estava indo, “siga o cruzeiro do sul” – ela dizia. Tinha apenas seu último salário depositado em sua conta, e muitas contas a pagar. Porém, distraída e sem cautela, fugiu de sua casa, de seu emprego, fugiu, inclusive dela. Fugiu de quem ela era e descobriu quem ela poderia ser. O ruivo em seus cabelos se assemelhava a um fim de tarde, que alaranjava tudo ao seu redor. Ela é sol. É calor. É Joana. É uma força incontrolável e uma calmaria no oceano. Despiu-se de si e se vestiu de liberdade. Não deixou de sentir dor, mas parou de sofrer com isso. Ela se perdeu, ela se encontrou. Ela é força, ela é mar, ela é pássaro, é Joana.

Amanda K Abreu
Enviado por Amanda K Abreu em 03/04/2018
Código do texto: T6298644
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