APANHANDO DE MOSQUITO
Até bem pouco tempo eu pensava que nós, humanos, fôssemos os seres mais organizados e poderosos do mundo; que mesmo utilizando um pequeno percentual da nossa portentosa inteligência, estivéssemos muito acima dos demais seres com os quais dividimos o aconchego deste planeta.
Não pretendo aqui discutir sobre inteligência ou força, habilidade ou superioridade estratégica. O fato é que estamos sendo assolados por um mosquito quase invisível. Isso mesmo... Enquanto dedicamos nossa atenção ao celular e à vida alheia, ele nos acerta, silenciosamente, e aí é só cama, paracetamol e suco de inhame.
Por causa desse bicho fui obrigado a aprender que cará é diferente de inhame e amarguei com a alta do preço desse tubérculo milagroso. Nos últimos dias valeu quase igual à picanha. O dono do verdurão não tem dado ouvido ao espanto dos clientes, primeiro porque está amparado pela lei da oferta e da procura e, além disso, o descuido com a agua parada, o lixo mal acondicionado e o mato crescendo nos lotes vagos não são de sua exclusiva responsabilidade.
Falando em responsabilidade, creio que estamos cada vez mais acuados por nossos pequenos e mortais inimigos, justamente porque eles são mais responsáveis que nós. Não estamos perdendo a guerra porque eles têm as melhores táticas de ataque, o domínio do terreno e conheçam o inimigo. Estamos caindo porque somos insensatos citadinos e eles, ao contrário, não brincam em serviço. Picam direitinho, e o resto da história todo mundo já conhece. Seja por experiência própria ou por ouvir dizer, todos temos uma clara noção do poderio do mosquito que não tem medo de gente grande.
Apanhar de um mosquito não é tão feio assim... Feio mesmo é continuar apanhando sabe-se lá até quando... Todos os anos a mesma coisa. Raciocine comigo: é bem possível que o Aedes Aegypti não saiba por que está batendo; mas nós sabemos perfeitamente por que estamos apanhando.