Eu superei a depressão e venci o destino

Eu fui uma criança que foi abusada pelos tios.

Eu fui abusada por um desconhecido.

Eu fui abusada pelo meu bisavô.

Não tive lar quando era criança porque minha mãe me deixou em muitas casas para morar depois que o meu pai a abandonou.

Na adolescência trabalhei para ter um teto para reclinar a cabeça e um prato de comida, muitas vezes cheguei a pedalar uma hora de bicicleta a noite só para poder concluir o segundo grau.

Me casei com 17 anos.

Logo que me casei descobrir que meu marido era um depressivo. Muito nova sem experiência, doente, descobrir minha primeira gravidez logo em seguida. Tudo parecia um pesadelo sem fim.

Quando tomava os anticoncepcionais eu tinha hemorragia, no intervalo sem tomar o comprimido anticoncepcional, meu marido não aceitando usar camisinha, então engravidei do segundo filho. Se chorei litros quando descobri minha primeira gravidez, na segunda gravidez chorei quase a noite inteira. Passei muita falta de alimento dentro de casa, chegava a jogar as roupas no lixo porque não tinha sabão para levar, as vezes nem água para tomar banho, pois meu marido mal conseguia permanecer três meses num emprego por conta da depressão. Cheguei a ter duas mudas de roupas só, recebi despejo, passava a noite agarrada com meus filhos chorando pensando no que eu ia dar para eles na manhã seguinte para comer se não tinha nada, antes que eles acordasse eu saia pedido.

Me tornei uma pessoa triste, perdir a capacidade de rir, quando era adolescente eu era a alegria de onde eu estivesse presente. Submissa ao meu marido, engravidei do terceiro filho porque ele queria outro filho, mesmo naquela miséria fui apenas vivendo.

Me via sem saída, como abandonar meu marido, se era um doente? Três filhos para criar e um marido doente...eu não dormia a noite com medo da violência, da fome, do despejo. Morando numa casa de barro no morro do rio de janeiro, as telhas eram de plástico azul. Ratos enormes andando no quintal de barro, o colchão era a poltrona de um carro. Um dia cheguei em casa minha filha estava chorando de fome, eu molhei com água uma porção de farinha com óleo e dei pra ela comer. As vezes a vizinha me dava algumas caixas de leite e eu misturava com água para render e não acabar porque não tinha de onde tirar mais leite. Minha terceira gravidez não tinha o que comer durante toda gravidez, geralmente passava com um pão por dia, ou quando alguém trazia comida por dó, exceto quando vinha ajuda da igreja. Eu passava maior tempo orando e me perguntando como fui para naquela situação. Tinha dias que meu estômago doia de fome, gravida eu sentia o bebê mexer bem fraquinho de fome. Quase todos os dias meu alimento era metade de um pão por dia, tinha que dividir com as crianças. Meu sustento para ficar de pé vinha da minha fé em Deus, isso me mantinha de pé.

Quando as crianças já puderam ficar na creche, eu arrumei um emprego e com muita dificuldade deixava meus filhos na creche, eu cheguei a ter dois empregos para sustentar a despeza da casa. Fui empregada doméstica, trabalhei no comércio. Finais de semana fazia faxina. Na busca para curar meu marido da Depressão, uma amiga me apresentou os livros do Augusto Cury. Li esses livros noite e dia e levava para casa para ele ler. Ele bravo, mau saia do quarto escuro. Comia e voltava a dormir. As vezes dormia debaixo da cama. Nunca fomos um casal normal, desde que me casei, ele já vivia no mundo dele, da (depressão).

Meu casamento durou 17 anos de angustia porque nunca tive um marido, igual todos têm. Nunca sair para passear, nunca me deu um presente, nunca me deu um feliz aniversário.

Muitas madrugadas chorando desesperada com as contas porque o dinheiro era pouco e eu não dava conta de pagar aluguel, despesa, minha preocupação de receber despejo e meus filhos irem morar na rua. Trabalhava até os feriados, em consequência tenho problemas no joelhos, tendinite, quase tive infarto por conta de não dormir a noite e muita pressão psicológica. Tomei cartelas de antidepressivos. Quase enlouqueci.

Mas eu me segurei em Jesus, li os livros do Augusto Cury, criei meus filhos, estudei, trabalhei. Lutei para meu marido ter saúde psicológica. Ele fez concurso público para TRT de técnico de analista, fez faculdade, hoje não toma mais medicamentos, aprendeu a não absorver os problemas e perdoou a sua mãe que o abandonou quando era bebê, passou a viver um dia de cada vez.

Eu sou uma pessoa feliz, não tomo remédio, vivo somente o agora, o hoje é o que me importa viver, amanhã não interessa porque amanhã não existe. Quando passei a entender que eu vivo só o agora e que só existe o agora, passei a me sentir leve e plena. Não procuro entender nada, só amar e ser amada, busco a paz, vivo o amor ao próximo. Quando você entende que não existe passado e nem futuro, você acha a ponta da corda para saída do seu caos. Leia os livros, mas coloque em prática, e lembre-se, o amor cura a tristeza da alma, você precisa não desistir de lutar para ser feliz.

Nao desista de ser feliz.

Me disse uma mãe com lágrimas nos olhos, minha mãe.

Ivankni
Enviado por Ivankni em 02/04/2018
Código do texto: T6297176
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