Elogio à sabedoria
A boneca dormia dentro de uma caixa de sapatos, como a menina que Ravenala fizera adormecer dentro de si mesma.
Agora estava só. Sozinha, navegando velozmente no silêncio de sua imaginação. Ela construíra conhecimentos, sob a regência do Padre Davi, tornando-se uma sombra dele.
Sabia que era preciso engolir muito papiro, para encontrar o Tesouro de Bresa, por isso, quando viajava nas páginas de Machado, queria matar os vermes que o roeram o livro dele, e nada sabiam. Nada se lembravam. Ou era de Betinho o livro?... Ou de Casmurro?
Tinha certeza que não é parceiro da sabedoria o homem de um livro só. Toma, lê. Ela leu, releu e remoeu mais de quinhentos livros, e era capaz de regurgitar frase por frase, ainda que lida há muitos anos.
Aprendeu a navegar nas asas da imaginação. Pegar carona no Sputnik de Gagarin. Alçar voos a bordo de uma nave espacial; romper horizontes e ultrapassar barreiras. Ser um anjo latino a dar uma volta completa em torno da Terra. Temia, no entanto, ser ridicularizada, ou considerada leviana naquilo que escrevia.
Disse-lhe o anjo da guarda: “Se andares pelos caminhos retos, não temerás os terrores noturnos, nem a flecha que voa à luz do dia.
Levanta-te e vai. Vai perseguir teus sonhos. Há dentro do homem uma gaivota buscando romper os limites de sua espécie, ou uma águia afiando as garras, arrancando as penas e fortalecendo as asas para alçar novos voos... Toma, pois, caneta e papel, e escreve tudo que viste e ouviste.”
***
Adalberto Lima, fragmento de "Estrada sem fim...)
Contato: adalbertolimapoetadedeus@gmai.com.
Agora estava só. Sozinha, navegando velozmente no silêncio de sua imaginação. Ela construíra conhecimentos, sob a regência do Padre Davi, tornando-se uma sombra dele.
Sabia que era preciso engolir muito papiro, para encontrar o Tesouro de Bresa, por isso, quando viajava nas páginas de Machado, queria matar os vermes que o roeram o livro dele, e nada sabiam. Nada se lembravam. Ou era de Betinho o livro?... Ou de Casmurro?
Tinha certeza que não é parceiro da sabedoria o homem de um livro só. Toma, lê. Ela leu, releu e remoeu mais de quinhentos livros, e era capaz de regurgitar frase por frase, ainda que lida há muitos anos.
Aprendeu a navegar nas asas da imaginação. Pegar carona no Sputnik de Gagarin. Alçar voos a bordo de uma nave espacial; romper horizontes e ultrapassar barreiras. Ser um anjo latino a dar uma volta completa em torno da Terra. Temia, no entanto, ser ridicularizada, ou considerada leviana naquilo que escrevia.
Disse-lhe o anjo da guarda: “Se andares pelos caminhos retos, não temerás os terrores noturnos, nem a flecha que voa à luz do dia.
Levanta-te e vai. Vai perseguir teus sonhos. Há dentro do homem uma gaivota buscando romper os limites de sua espécie, ou uma águia afiando as garras, arrancando as penas e fortalecendo as asas para alçar novos voos... Toma, pois, caneta e papel, e escreve tudo que viste e ouviste.”
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Adalberto Lima, fragmento de "Estrada sem fim...)
Contato: adalbertolimapoetadedeus@gmai.com.