As flores solitárias...
É domingo. Acordo preguiçosa.
Faço um café, olho a serra pela janela, como ela fica iluminada num dia ensolarado... Parece um tapete macio, tons entre o cinza e o musgo, não vejo daqui nenhum dos arbustos que são abundantes ali. As flores, também não as vejo. São muitas, rústicas, crescendo solitárias entre as pedras. Ninguém para contemplá-las. Vivem na duração de um poema, liberam perfumes e se doam aos pássaros e às borboletas... E não há ninguém para vê-las...
Sorrio... Como assim? O homem se acha o centro do mundo, talvez sim, as flores sozinhas da serra, sejam contempladas também pelas estrelas, que na noite serena, as façam companhia tornando-lhes tema da mais bela poesia... Orvalhadas de sereno, prateadas pela luz da lua, mergulhadas em profundos silêncios.
Há, também na serra, flores solitárias...
Cláudia Machado