As janelas eram amplas e baixas, davam para a calçada, onde um ancião poderia se sentar em sua cadeira de balanço e ver o movimento da rua. Os vizinhos passavam e comprimentavam, alguns paravam para algumas palavrinhas de cortesia, como um "Bom dia senhora...", " Melhorou do reumatismo...", ou uma fofoquinha para inteirar-se da vida dos outros: " Sabe quem vai se casar ?", " Fulano foi demitido...", e essas banalidades do cotidiano, mas o fato é que as pessoas se conheciam desde a infância, por gerações. As pequenas cidades eram um grande quintal.
Existe uma proibição de não se poder estacionar frente as janelas baixas, ou portas, e todos seguem rigorosamente sem contestação. As ruas estreitas, feitas nos tempos das carroças e dos cavalos, só estacionavam carros de um lado. A Europa mantém tradições até hoje, ninguém tenta dar um "miguezinho", não é bem visto, e não precisa chegar um guarda, as próprias pessoas avisam . Ninguém tentava justificar o injustificável, com aqueles papinhos de idiota : " São cinco minutinhos e já volto...", ou " Só vou descarregar e já saio...", não, nada disso acontece.
Me lembro que na rua dos meus avós, as pessoas traziam suas cadeiras de casa, e em poucos minutos formavam-se grupinhos de bate papo, com jovens , velhos, crianças ao redor, cachorros, quase sempre no cair da tarde até a noite alta do verão, onde só escurece depois das 10 h da noite. Do nada, surgiam canções e todos cantavam alto, risadas e causos eram o que não faltavam, às vezes um vinho ou um café. O banheiro era o de qualquer casa, todos se conheciam o suficiente para romper certas cerimônias.
Se haviam fofocas, também a solidariedade, de certa forma , os filhos de uma eram olhados por todas, e deixar uma criança num vizinho enquanto a mãe ia ao médico, era a coisa mais fácil .
O respeito das crianças com os mais velhos era enorme, isso era muito cobrado, e ninguém se atrevia ao menor desrespeito.
Quando ouço a canção " Gente humilde", do Chico Buarque, sempre me vem esses tempos à memória. Gosto muito dessa composição, às vezes a acompanho dedilhando, e a minha gente humilde se junta as da canção.
Existe uma proibição de não se poder estacionar frente as janelas baixas, ou portas, e todos seguem rigorosamente sem contestação. As ruas estreitas, feitas nos tempos das carroças e dos cavalos, só estacionavam carros de um lado. A Europa mantém tradições até hoje, ninguém tenta dar um "miguezinho", não é bem visto, e não precisa chegar um guarda, as próprias pessoas avisam . Ninguém tentava justificar o injustificável, com aqueles papinhos de idiota : " São cinco minutinhos e já volto...", ou " Só vou descarregar e já saio...", não, nada disso acontece.
Me lembro que na rua dos meus avós, as pessoas traziam suas cadeiras de casa, e em poucos minutos formavam-se grupinhos de bate papo, com jovens , velhos, crianças ao redor, cachorros, quase sempre no cair da tarde até a noite alta do verão, onde só escurece depois das 10 h da noite. Do nada, surgiam canções e todos cantavam alto, risadas e causos eram o que não faltavam, às vezes um vinho ou um café. O banheiro era o de qualquer casa, todos se conheciam o suficiente para romper certas cerimônias.
Se haviam fofocas, também a solidariedade, de certa forma , os filhos de uma eram olhados por todas, e deixar uma criança num vizinho enquanto a mãe ia ao médico, era a coisa mais fácil .
O respeito das crianças com os mais velhos era enorme, isso era muito cobrado, e ninguém se atrevia ao menor desrespeito.
Quando ouço a canção " Gente humilde", do Chico Buarque, sempre me vem esses tempos à memória. Gosto muito dessa composição, às vezes a acompanho dedilhando, e a minha gente humilde se junta as da canção.