Anoiteceu

O sol lentamente se desliza num céu de tons entre o laranja e o cinza... Ao longe vejo a última revoada, algumas aves que parecem atrasadas. Vejo-nas se aninharem em copas um tanto empoeiradas, que lhes servem de abrigo para a noite que se avizinha.

Nas árvores da minha rua, ouço um burburinho que vai, aos poucos, se acalmando até que o silêncio é tamanho e você duvida que ali escondem-se muitas vidas.

Contemplo, como de costume, o firmamento num tom de anil tristonho. De repente, lá do alto acendem a primeira luz, pequenina e tão distante... depois outra e outra... São como diamantes numa tiara da nubente. Para compor a tela, um halo perolado envolve a lua quase cheia.

Ah, quanta beleza nas noites de abril... São límpidas e possuem o céu mais profundo... Quem me dera ser um marujo ou um campeiro. Ver no breu a abóbada cravejada com o rastro leitoso do braço da galáxia.

Mas me contento em ver o entardecer na cidade. É sempre um novo espetáculo que normalmente me comove.

De repente anoiteceu.

Cláudia Machado

30/3/18

Cláudia Machado
Enviado por Cláudia Machado em 30/03/2018
Reeditado em 31/03/2018
Código do texto: T6295438
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