A liberdade de escolha
Em regimes democráticos a figura do autocrático representa um ente antipático e com cheiro de mofo. Mas em regimes tribais eles ainda são celebridades. A história tem nos mostrado que o modelo social de interferir nas vidas das pessoas de modo impositivo faz parte da tendência comportamental dos indivíduos.
É fato e não podemos negar que todos nós tendemos a impor nossas ideias e vontades num processo “natural” de acharmos que o jeito como pensamos é a forma mais indicada e correta; é como se tivéssemos a necessidade de validar as nossas “verdades”, o que precisamos ter muito cuidado. O problema é quando acabamos interferindo nas vidas daqueles com os quais convivemos desrespeitando o gosto e a privacidade de cada um.
Como é desconfortável quando alguém parte do princípio que se deveria gostar das mesmas coisas ela gosta. É necessário que entendamos que cada indivíduo é único, que está sujeito a uma formação intelectual e cultural que imprimirá neste indivíduo características específicas.
Quando temos a visão antropológica distorcida de acharmos que todos são cópias fiéis de nós mesmos, às vezes, tornamos a vida dos outros um inferno. Principalmente quando não percebemos essa tendência de impormos o nosso gosto e vontade; é o nosso ego interno se manifestando a ponto de querer interferir na liberdade e na privacidade dos outros.
“Estranho que você não goste de tomar cerveja, pois a grande maioria gosta”. Sim, mas eu não sou a grande maioria, eu sou apenas eu. Parece que não poderíamos dizer que não se gosta de pagode ou que não se gosta de música sertaneja; é como houvesse a obrigatoriedade em aceitar as tendências que se tornam moda. Então, para não perder o amigo, diplomaticamente, aceitam-se as músicas, embora seja uma coisa muito pessoal. “Não é possível que você não goste de ler livros de autoajuda afinal, todo mundo gosta”. É, mas...
É claro que estamos sujeitos aos apelos subliminares da propaganda que, de alguma forma, acabam ditando ou influenciando o nosso estilo de vida. Mas, isto não deveria nos tornar “chatos” indesejáveis. Essas figuras quando agem são antipáticas e exalam mau cheiro. Estes são verdadeiros “pés no saco”, mas mesmo assim, no limite da diplomacia social, fecham-se os ouvidos e, tudo bem, segue a vida.