No Woman, More Life?

Não sou propriamente o carrasco para as mulheres. A minha aversão por elas não é algo que eu generalize para por conseguinte dizer que as odeio a todas. Não! Eu bem que gosto de mulheres e até tenho uma forte admiração por este ser.

Mulheres são o canal que fez de nós nascidos. Mulheres são a fonte do leite que nos deu forma e dos braços que, ainda que exaustos, sustentram nossas cabeças nos sonos súbitos e são elas que têm as mãos que nos enxugaram as lágrimas quando chorávamos por não sabermos o que falar. Elas traduzem o balbucio com actos de quem percebe os desejos da criança, percebem a linguagem dos mudos e sua ternura aguça a confiança de quem as ama.

Porém, mulheres têm muitas formas de o ser. Algumas incovenientes, outras ousadas, distraídas mas oblíquas ao que mais lhes interessa. Mulheres são uma dor de cabeça, uma inexplicável vontade de ter e perder algo ao mesmo tempo. Ao passo que sinto que as vou conhecendo melhor, vai ficando claro o impossível de um dia poder confiar minha introversão a elas. Já fui confundido umas tantas vezes como sendo do sexo oposto. Não gay, mulher mesmo. Algumas tias e irmãs consideram minha bunda divergente ao corpo pequeno que tenho, e acho que se não fosse pela barba, meu rosto é um tanto quanto feminino. Não sei se por um triz eu nasceria noutro time ou tudo isso não passa de delírios da multidão, mas, nalgumas vezes, tendo dado um olhar para dentro de mim mesmo, pude ver-me menos homem em algumas formas do meu ser. Se é por esta tendência de auferir várias personalidades, não sei, e acredito que não seja isso, se é por ser o último filho e como tal os mimos tendem a passar dos limites, mas aceito que por vezes sou extremista em fazer manias desnecessariamente.

Então, como entender quem adora ser entendido sem nada explicar, uma vez que até certo ponto eu tenho a mesma manha? Também sou um bom actor, digo estar bem quando a única coisa que me ocorre nos miolos é mandar a "indivídua" pelos ares. Também sou complicado, posso ter um desejo por alguém bem mais notável do que o que tenho pelo implacável arroz doce da minha irmã mas despachar a "garina" como se fosse ela quem lidera a minha lista dos males, e como se diz muito que quem desdenha quer comprar, fazer o contrário tem-se tornado um hábito. Compro por não precisar. Daí que começo por evitar laços com as detentoras de mamas e ancas, senhoras de uma fragilidade "inigual" e vulnerabilidade quem sabe maior do que a que temos de cometer pecado.

Eu sei que não presto, mas é-me dado o devido valor muitas vezes. Tem sido mais uma psicanálise do que um teste de permanência, porque fidelidade eu procuro mais é ter para comigo mesmo. Se for fiel para comigo, obviamente posso sê-lo para com a outra pessoa. Sou um traste, indiferente o bastante para obrigar as jovens beldades a deixarem de ter atracção por mim que muitas vezes já tive como presente a sentença "você se acha muito". Mas há anos que me sinto perdido, e só por isso tenho evitado mais envolvências, antes que nunca mais encontre o caminho que me leva para mim mesmo. Faço parte da plateia desiludida com o amor, que assiste a outros casais sem perceber o que se passa ali...

Mulheres são as "mães grandes" da sapiossexualidade. Elas podem ser completas pancas dum tão "descarnoso" e feio homem sem estilo, mas se esse for um "truta", pode vir a ser mais excitante do que o senhor músculos de cabeça vazia. Dizem que sou lindo e que, se não fosse assim tão pestilento, porque preciso de ser mais maleável, poderia ser o homem da vida de uma fila enorme (o que já aconteceu, ao cometerem o erro de olharem para mim como que respirasse perfeição). O problema é que não passo do príncipe bolado para muitas rãs. Não consigo perseguir donzelas que não entendem patavina do que digo, interpretam mal a linguagem dos olhares e não são propensas a assuntos mais interessantes do que "Estás bem? Novidades?"

E olha que os homens só não perpetuam a beleza como factor preponderante para o piropos quando a "muzúbia" rouba-lhe a "muxima" sem o "chavalo" notar. Mulheres inteligentes são fascinantes, mas não abrem alas para um relacionamento duradouro. Podem ser armadas demais. Mulheres belas podem achar que por serem belas conquistam qualquer um. Mulheres chatas podem ser chatas demais e assim também as mimosas. Não sou perfeccionista, só não deu a cara ainda quem quisesse moderar todos os possíveis empecilhos para uma relação sadia. Mulheres amigas são o meu amor.

Contanto que sou uma fofura, por que insisto em ser o brutamontes? Sou uma dor doce como qualquer um consegue ser, todavia sou quem mais detesta. Ser amável é cansativo quando a compreensão é retribuída com o abuso de confiança e esmagamento da humildade. Ser atencioso é uma idiotice quando se é objecto de satisfação de necessidades temporárias, que ao se desvanecerem, levam consigo o esquecimento sobre quem ofereceu ajuda. Por outro lado, fora tantas outras razões, está na cara que o perfil de mulher que a minha mente criou para mim pode não existir cá na terra. É uma questão de tempo até eu estar bem certo disso, ou, quem sabe, até eu perceber que continuo a divagar.

Widralino
Enviado por Widralino em 29/03/2018
Código do texto: T6293694
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