PARA MARIA E JOÃO
Quem já leu a crônica Para Maria da Graça, de Paulo Mendes Campos? Ou o romance Adultério, de Paulo Coelho? Ou quem sabe, o romance A Maçã no Escuro, de Clarice Lispector? Esses são alguns textos que estimulam o raciocínio e a reflexão; pena que hoje em dia as pessoas não gostem de ler, nem de aprender e muito menos de refletir. A maioria prefere comprar ideias prontas, já mastigadas, elaboradas para serem digeridas e nunca degustadas; pois elas têm preguiça até de pensar.
Outro dia eu li uma frase interessante: “A escola finge ensinar e as pessoas fingem aprender.” E isso é uma grande verdade, infelizmente! E não faz muito tempo, eu comentava exatamente isso com um amigo. Por que as pessoas já não se esforçam para aprender? Por quê? Bem, chegamos a uma conclusão: porque não precisam. Ninguém precisa aprender mais nada, pois elas já nascem com a fonte de todo saber na palma das mãos. Então para que aprender, não é mesmo?
Já não se vê pais preocupados em ensinar a seus filhos o que eles aprenderam com seus ancestrais; o conhecimento e a cultura estão se perdendo, porque hoje tudo que se quer saber encontra-se na internet, basta se conectar.
Muitos dizem que isso é evolução, que a tecnologia veio para facilitar, informar com muito mais rapidez. E que as crianças estão mais espertas, mais inteligentes com essa nova perspectiva de aprendizado a que estão expostas desde o momento em que nascem. Será?
Sabem o que eu acho? Que estamos nos tornando vítimas de nossa inércia, de nossa ignorância e de nosso acomodamento. Pois temos em nossas mãos acesso ao conhecimento através de um toque. E nunca a humanidade teve tanta facilidade para aprender, porém, incapacitados para compreender.
De nada adianta ter ao nosso alcance todo o conhecimento do mundo ou do universo, se não abrimos nossas mentes para absorvê-lo. E isso seria possível se estimulássemos os nossos neurônios, com uma boa leitura por exemplo o que aumentaria, consideravelmente, a nossa capacidade de absorver. Mas ao invés disso, perdemos tempo acessado inutilidades que não nos acrescentam nada; muito pelo contrário; muitas pessoas já não são capazes de analisar ou dar soluções para as coisas mais simples sem consultar o pai Google. Imaginem as mais intricadas! Então, o que estamos nos tornando? Escravos da tecnologia?
Exatamente! A diferença é que antigamente, os escravos tinham seus membros atrelados a grilhões e seus corpos eram açoitados com chicotes, até que obedecessem aos seus feitores ou aos seus senhores. Atualmente, os escravos são atrelados às máquinas e suas mentes são açoitadas constantemente com futilidades, até que se tornem impotentes, frágeis e fáceis de manipular.
Por isso, caro leitor, que eu digo: abra seus olhos e não encha sua mente com inutilidades, pois elas só servem para ocupar o seu HD com lixo, e deixá-lo mais lento. Seja antenado, mas acrescente aos seus arquivos, dados úteis; fatos; conhecimentos. Leia mais, é uma das maneiras mais divertidas para aprender; não doí e ajuda a refletir. E isso, caro leitor, é para que não venham a se tornar mais uma ‘Maria vai com as outras’ ou um ‘João ninguém’.