Relógio romano
À Maria Raimunda de Castro Pantoja
Ela. Era domingo, um domingo bem clichê, domingo de tédio, de horas que parecem não passar e se passam, os ponteiros parecem que pesam naquele velho relógio de parede da sua avó. Era domingo e ela... ela estava sozinha. Cheia de vazio. Vazia de tudo. Pesada. Farta e cansada. Descobrira que não estava mais sozinha, ela tinha a companhia do relógio. O relógio das
horas pesadas. O relógio que estava farto e pesado de ter marcado muitas horas de muita coisa. Muita coisa que ela estava cansada, sem amigos, sem ninguém, só o relógio a fizera companhia. A acolhesse. O relógio remetia uma lembrança, lembrança da avó. Que lembrança boa! Relógio da avó. A avó que era pesada, cansada e a acolhia. A avó dona relógio pesado nos dias de domingo entediantes.