ACHISMO.BESTEIROL.

Tenho o maior cuidado com esse quase "neologismo". Faz tempo, me dirigindo para comarca do interior onde trabalhei, ouvindo o rádio do carro, um desses “formadores de opinião” desaparelhados e com grande audiência, como hoje existem similares - um tem de bom ao seu lado um cômico festejado - afirmava que era um “especialista em assuntos gerais”. Pensei, esse é daqueles que “se acham” e podem ser especialistas de “coisa nenhuma”.

Especialidade, diz o nome, é alguém ser versado com profundidade, por estudo e pesquisa, aliadas à experiência, em alguma ciência ou atividade, em alguma "coisa". É um “expert”, um perito em sua área, e por isso são ouvidos, principalmente em questões de solução de graves conflitos, como nos processos judiciais. São os peritos.

Ninguém é "especialista em assuntos gerais", ter opinião não é deter o condão da especialidade. Nada dizem os peritos sobre sua área de gnose se ainda perduram dúvidas, irá pesquisar a fala e convencimento de seus pares.

Na contramão, hoje, muitos falam sobre o que não sabem, e com “autoridade” cômica. É o tal achismo.

Pior do que não saber é pensar que sabe. Cresce o número dos que, nada tendo lido ou estudado sobre um assunto técnico ou científico de monta, complexo em suas variantes e dimensões, discutem a respeito com a intransigência própria de quem desconhece sua limitação. Que saudade do tempo em que, quem mais sabia, declarava como Sócrates: sei que nada sei. Ontem comprei um livro de Nietzsche. " A Genealogia da Moral".

Pensei, será que vou me surpreender, já que fiz severa crítica aos seus princípios em livro meu, sobre o bem e o mal e ao seu "Super Homem"?

Não quero nem passar sua loucura para alguém ler, em lugar que doo livros, insanidade colocada nesse livro de duzentas folhas, vou descartar. Não em vão, e pena temos, morreu sob loucura total. Os limites da sanidade estão postos, ir além, bate na porta de um além que não se quer conhecer. Escrever sobre o que não se sabe ao mínimo, é ingressar,muito ou pouco, em uma certa "loucura". Insciência é infantilidade e irresponsabilidade, loucura é a coragem em falar sobre o que não sabe.

Meu grande professor em exemplos, meu pai, mais do que coloquialmente, pois bastava ver sua postura e nobre conduta para aprender, difícil o diálogo entre gerações mais afastadas, deixava e deixou grandes marcas referenciais, ao ouvi-lo em conversas, como: “não fale sobre o que não conhece com real dimensão e confortável certeza, procure antes fontes autorizadas, e se for ciência para você desconhecida, cale-se”.

O que ouço hoje sobre direito claro e sem margem de dúvidas é tenebroso, rádio onde “âncoras” deviam estar no fundo do mar de seus desconhecimentos, submersos em seus “achismos”. Incomoda e desserve à informação. São os especialistas em assuntos gerais.

Inelegibilidade, a barreira da “ficha limpa” -suja- e consectários, nesse ideário dos fora do jogo - e dentro - para tumultuarem o processo eleitoral, em vindita de seus reveses, é um oceano de “achismos” indevidos e primários em manifestações desses "âncoras".

A ficção do teatro encenado mostra as garras cegas, sem nenhum fio que corte como o diamante. Um besteirol. E os "especialistas" fazem a corte.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 27/03/2018
Reeditado em 27/03/2018
Código do texto: T6291994
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.