É PRECISO DISCUTIR OS HUMANOS
O Brasil que todos nós pensávamos ser um país diferente, mostrou sua cara quando os brasileiros foram às ruas protestar contra os corruptos. Não diria que a faísca do ódio ideológico foi acessa ali. Ali com certeza a faísca foi assoprada. Transformando-se rapidamente em braseiro.
A palavra da moda é empoderamento. Chegando das ruas o ódio ideológico empoderou-se negativamente nas redes sociais. Um campo de batalha onde os “soldados” na maioria das vezes preferem não mostrar o rosto. Esses soldados foram a fertilidade para que as “fakes News” florescessem e se espalhassem como ervas daninhas.
Na última semana, o ódio ideológico em terras brasileiras atingiu seu ápice com o assassinato de Marielle. Tratado pela mídia e redes sociais como um espetáculo nunca visto antes. O ser humano Marielle ficou em segundo plano. Dividiram rapidamente a morta em duas. Uma metade era anjo. A outra metade era demônio.
Podemos citar ainda como exemplo o vídeo do cantor Agnaldo Timóteo. Num acesso de ódio, Agnaldo xingou os habitantes da Região Sul do Brasil defendendo Lula. As respostas que partiram daqui destilavam o mesmo ódio contra Lula e o cantor.
Seria ignorância afirmar que ódio ideológico é uma exclusividade brasileira. Depois de vencerem a 2ª Guerra Mundial e dividirem o espólio da Europa, americanos e russos continuaram e continuam se odiando. A motivo é seus sistemas político-econômicos. Ou seja, Capitalismo e democracia versus Comunismo.
A direita vem ganhando cada vez mais espaço na política europeia e já é motivo de preocupação. Esse espaço vem sendo ganho com um discurso de ódio racial feito sem nenhum pudor contra os imigrantes. Acusados de contaminar as raças europeias.
Ultimamente os antropólogos têm se debruçados sobre as variáveis desse ódio ideológico tentando explicá-lo. Creio que não consigam. Não enquanto continuarem desvinculando a raça humana do ódio. Só alcançamos o posto de predadores alfas do planeta graças a nossa capacidade de odiar.
Os braseiros do ódio evoluem para fogueiras com as nossas diferenças. Numa tentativa de justificar, a ministra Cármen Lúcia disparou que Lula deve ser tratado como qualquer outro brasileiro. Com toda a certeza, os ministros do STF não perderiam horas se “cansando” discutindo um habeas-corpus em favor do Luiz Inácio do boteco da esquina.
A mesma diferença ficou evidente com Marielle. Não fosse ela vereadora, e seria apenas mais uma morte nas estatísticas. Fato. O ódio pode ser encontrado nas diferenças, nas ideologias e nas crenças religiosas. Fato. Para entendê-lo é preciso esquecer as ideologias, as diferenças, as crenças, e discutir os humanos.