Atrasas o processo

O tempo é egoísta, mas não espera nem por si próprio. É nesta vertente que as indecisões significam gastar tempo em pensamentos iliterados.

Pensamentos negativos não enxergam soluções. Aumentam os problemas, geram fracas energias e, graças aos bens ou males que criam, transformam saúdes em doenças e o contrário.

Sei que a ignorância mata mais do que as mortes que pode evitar, que ela é uma conquista despropositada de coisas desnecessárias, mas, se alguém quer voar, é necessário desistir de tudo o que o mantém no chão.

Por isso é que eu tenho preferido travar uma guerra morna contra os meus sentimentos, que me comprometem o juízo e claramente sofrem de não correspondência.

Parece-me que felizes são os que nunca têm o que querem, pois é-lhes dado tudo o que merecem. É demais patente na minha percepção que a vantagem de ser ignorado é sempre poder posteriormente encontrar algo melhor. Todavia, é também um pouco grotesco da minha parte estar a afirmar isso, sabendo que já arranjei mecanismos que chegassem para eu poder fugir de ti, ou pelo deixar se sentir a pele arrepiada e o coração como se acidentado ao ver-te gingar radiante diante de tão "trevosas passarelas".

Tu tens um brilho que é efectivo mesmo quando estás a milhas de distância. Não precisei frequentar assiduamente a escola da vida para aprender que todas as coisas passam, mas algumas devem ser ultrapassadas. Infelizmente, tu és o último caso. Tão trabalhoso tem sido tentar arrancar as raízes do amor que por ti rego no meu coração selvático. Tu não passas e não te deixas ultrapassar.

Por causa dessa minha insistência que faz parecer que ainda não aceito que tudo acabou, que tudo mudou e essa minha crença de que apesar disso as memórias insistem em reatar nossos laços de almas predestinadas para uma junção paratáctica, já é praxe que eu mendigue fluente amizade, a menos que eu não sirva mais para nada, o que tens tentado deixar claro ao mostrares que esse meu empenho de nada vale, que tudo isso te irrita. Mas chato não sou, é o sentimento que de mim se apoderou.

Por outra razão, somos ultrapassados se tanto esperarmos, não é mesmo?

Dizem que não fazer nada é a tristeza das crianças, mas a alegria dos velhos. Lamento dizer que isso não se aplica a mim, porque de jeito nenhum eu estaria alegre, consciente de não ter feito nada quando afinal tinha muito a meu favor.

Se o comportamento de alguém depende do seu estado mental, que pode ser alterado ao mudar de pensamento, por que que mesmo ao mudar de pensamento ainda é em ti que eu penso e o meu comportamento passa a ser cada vez mais inconveniente?

O lado bom da vida aconselha-me a sorrir com frequência, mantendo à minha volta um ambiente positivo e prazeroso. Que engraçado! Eu tinha muito disso ao teu lado.

Detesto ter que dizer isso, mas não acredito em ti quando dizes que não me amas mais, que queres distância e que entre nós nem amizade se afirme. Não acredito nos teus bloqueios, nas chamadas interrompidas, nas injúrias que disseminas por aí sobre mim, nem mesmo aceito que viras o teu olhar para o chão ao te cruzares comigo apenas para veres por onde andas.

Não. Deixa-te de tretas. Eu preciso que cuspas todo esse ódio e rancor na minha cara, pois sei que na verdade são ainda amor e desejo. Por mensagens só me sabes ofender e disparatar as minhas tentativas de criação de bom clima, boa onda e agradável para ambos, mas há momentos em que ainda ages feito bebé sem colo ao trocarmos palavras ocasionais, pessoalmente.

Esclareça-se que, enquanto não me apunhalares pela frente com palavras de adeus e "não quero mais sequer ouvir falar de ti", assombrar-te-ei, porque eu não posso continuar a viver uma mentira nem deixar que passes o resto da vida acreditando que não te importas mais comigo.

Devemos aproveitar os bons momentos, esquecer os bons e pensar nos melhores, mas se nada disso importa para ti e eu morrer agora, saiba que te amei mais do que a frase pudesse prever.

Widralino
Enviado por Widralino em 26/03/2018
Código do texto: T6290845
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