EU,O CURRAL E O VAQUEIRO ll

De cima da porteira eu ficava imaginando o mundo do vaqueiro, como ele selecionava os bezerros, por tamanho, por idade, por volúpia, não podia identificar, mais que tinha uma sequência tinha, todo dia era a mesma ordem de entrada. A quantidade de leite variava dia a dia, três, duas e até uma panela de 15 litros, era o que aquelas vacas pé duro podiam dar de leite. Quando uma panela enchia era colocada entre as varas da cerca, no meio delas. Sempre tinha uma espuma de leite por cima das panelas, servindo de proteção contra moscas e insetos. O serviço de Zé Campos era esse, retirar o leite das vacas paridas, nunca passava disso, ele tirava o leite, colocava na cerca e terminava o serviço, outra pessoa vinha pegar o leite e fazer o que tinha de ser feito, sua distribuição e armazenamento. Se tivesse algum problema com alguma cabeça de gado, ele deixava o mesmo no cural e ia fazer o segundo trabalho, que era dar água para o rebanho e depois levar para o pasto, local onde os bovinos passariam o dia todo pastando, até as quatros horas da tarde, quando ele voltava à fazei tudo de novo. Geralmente se guardava pastos perto do cural, para que não se perdesse leite com caminhadas longas e cansativas. Quando era para se trabalhar com alguma rês, tipo solteira, ou por necessidade de vovó classificar quanto ao seu valor, ou por motivos veterinários, esse dito animal se juntava as paridas por alguns dias, vindo geralmente das mangas, locais grandes de pastagens, geralmente longe e com aguada, onde o resto do rebanho ficava por semanas ou meses, quando preciso fosse. Somente em caso de doença, venda ou compra era que se mechia no gado solteiro. O gado fujão sempre tinha um chocalho grande é sempre era logo vendido pro abate. Depois da retirada do leite, da caminhada até a água e a sua colocação no pasto, isso já tava la pras nove horas e Zé Campos vinha até a casa grande da fazenda para colocar no papel o relatório do dia, tipo quem foi vacinado, quem está mojada, quem nasceu, quem morreu e quem vai ser descartada. No descarte poderia ser por venda ou troca, como vovó achasse necessário for. As vacas e bois eram nominado e cadastrados, não tinham marcas de identificação, somente um ferro em S, que queria dizer Senhor, o nome do meu avô. Para identificar o gado ela colocava detalhes tipo pinta e corres diferentes, tipo de chifre ou alguma coisa que diferenciava uma das outras. Quando uma bezerra nascia de uma vaca cujo nome era por exemplo, Manga Rosa, levaria um nome relativo à mãe, tipo Tamaracá. Se filho da Ceará, seria Piauí, e tudo tinha uma lógica naquela fazenda dominada por dona Francisquinha.

Fred Coelho
Enviado por Fred Coelho em 25/03/2018
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