Quando troquei meu Guarda-Roupa

Certo dia não aguentei mais aquele guarda-roupa que não comportava minhas roupas, não porque tenho muitas roupas, mas porque ele era pequeno demais.

Já não aguentava mais empurrar todas as roupas amassadas dentro dele e quando precisasse pegar algo, via cair sobre mim tudo aquilo que eu havia entulhado lá dentro.

Disse para mim mesma, que isso bastava! Tomei coragem e comprei outro, sofri o desconforto de desentulhar o velho, montar o novo, e arrumar tudo dentro do novo.

Não sabia que, nesse processo algo não mudou somente no meu quarto, mas dentro de mim também. Desde que troquei meu guarda-roupa, me tornei menos desapegava a certa coisas, e não foram somente das roupas que foram embora, mas de algumas lembranças, alguma parte de mim que foi embora com o guarda roupa antigo.

Quando troquei meu guarda roupa percebi também que, tudo tem seu tempo de ser, que o que nos era útil em uma época pode não ser agora, e que mesmo que esteja em boas condições, já não nos serve mais, que é preciso deixar as coisas passarem porque nada nesta vida é para sempre e isso não somente acerca dos bens materiais, mas de todas as coisas que nos cercam, que pensamos serem nossas, mas não são.

Nada nesta vida de fato nos pertence.

Sempre ouvi aquele ditado: "Guarda roupa organizado, vida organizada. Guarda roupa bagunçado, vida bagunçada". Isso de fato nunca fez sentido pra mim, nunca fui mesmo uma pessoa organizada.

Mas uma coisa eu sei, desde que troquei de guarda roupa, descobri dentro de mim uma capacidade de desapegar-se que preciso cultivar mais.