Flatulência alheia
Das coisas desagradáveis e que a gente não se esquece na vida a maior e mais difícil de contar é precisar eliminar os famosos punzinhos – nome usado para ser mais delicada, já que peido - até a palavra tem uma fonética desagradável - e estamos em lugar público. Acontece quando comemos demais, aquele feijãozinho, apimentado, uma boa costela assada, mandioca cozida ou quem sabe uma batata doce, couve com um tutu à mineira, regado a caipirinha, tudo comidinha leve, e depois nosso abdômen nos revela que a gula, um dos sete pecados capitais mais praticados nessa culinária brasileira que é uma tentação, aí, fica difícil. Mais difícil ainda quando aquele famoso “mudinho” se faz presente em momento que as pessoas para de falar ao sentir o odor, olhares que denunciam o olfato apurado, silêncio eterno, segurando o riso que se sair pode denunciar quem o fizer.
Se bem que antes o mudinho do que o sonoro. Desse não dá para se safar. Raras as vezes que o ouvinte, por delicadeza e fino trato, faz-de-conta. Pronto, ninguém ouvir. Que não venha o próximo.
Na infância, falam que o primeiro a cacarejar é o dono do feito, o que faz com que todos fiquem quietos e disfarcem a vontade de sair correndo do canto prenunciado com o mal cheiro.
É um dos pecados que jamais terá réu confesso. Alguém já ouviu alguém falar fui eu? No máximo, um sorriso maroto, cabeça baixa e vamos sair daqui antes que achem que fui eu. E o último que ficar pode ser o próprio pecador.
Denúncias também não há. Fica o feito pelo não feito e pronto.
De qualquer forma, ao comer tais iguarias da culinária, trazer sempre um “Luftal” na bolsa ou quem sabe se isolar para não ter que enfrentar momentos como esse.
Mesmo assim, viva a culinária brasileira! Viva a culinária mineira, baiana, sulista e viva o Luftal! Ele resolve. Eu sei!