Sistema Perverso, Sistema Maldito
Um só país, um só povo, uma só nação, direitos diferentes. Somos todos brasileiros, deveríamos gozar de direitos iguais, conforme prever a Constituição Federal, mas o que vemos acontecer na realidade é o oposto. Pessoas com privilégios irreais, construídos em cima da inocência e ignorância de um povo sofrido que não tem retorno algum de seus caros impostos. Vejamos alguns casos. José e Josefa levam seu pequeno filho de apenas dois anos ao hospital público, pois as peripécias praticadas pelo pequeno lhe custaram a fratura do braço esquerdo. Não sabiam os pais que iriam aguardar dias ou mesmo semanas para que a regulação saísse e Pedrinho fosse encaminhado para a cirurgia. Como o casal não gozava de condições financeiras o suficiente para pagar um bom plano de saúde, a única opção foi aguardar, mesmo que aquilo lhes partisse os corações.
Chuva forte na Terra de Todos os Santos, Dona Maria acorda assustada com o barulho do desmoronamento de sua casinha que era situado no alto da encosta. Infelizmente não deu tempo salvar sua filha mais nova, de apenas 6 meses, foi levado encosta abaixo. Só restou o desespero para toda a família que agora, além do sofrimento da perda do membro mais novo, tem que correr atrás de outro local para construir sua cabana.
Era um domingo de primavera, clima agradável, sol soberano nas alturas. João pegou sua bicicleta, seu cachorro e seu celular e foram passear, curtir aquele lindo final de domingo. Não andou 2 km de sua casa, foi surpreendido por assaltante que queria sua bicicleta e seu celular. Mesmo não reagindo, fora atingido por duas balas, morreu no local.
Juliana é uma jovem dedicada, filha de um pedreiro e de uma dona de casa. Há três anos vem tentando uma universidade pública para cursar o tão sonhado curso de Medina. A cada ano Juliana ver seu sonho mais distante, pois a vaga que tanto almeja foi preenchida por outros jovens que sempre estudaram em escolas particulares caríssimas, por sinal. Além domais, Juliana trabalha para manter sua filhinha, não tendo tempo para se preparar melhor para a forte concorrência que vem da elite.
Mas a vida não é tão sofrida assim para uma pequena parcela da sociedade. Os membros do judiciário e magistrados em geral, por exemplo, além de seus altos salários, ainda podem desfrutar de auxílio moradia, auxílio saúde, auxílio livro, auxílio alimentação, carro oficial e mais de 60 dias de férias. São deuses, de fato, não pertencem à espécie humana, não utilizam os serviços públicos, nós pagamos tudo para eles, podem ir ao exterior gastar nosso suado dinheiro.
O absurdo mesmo ocorre com a classe política. São privilégios fora do comum, se compararmos à realidade do país. Carro à disposição, com motorista e combustível, tudo por nossa conta. Planos de saúde para toda a família, verbas extras para viagens e eventos culturais, sem contar com as famosas diárias, segurança particular, auxílios diversos e uma aposentadoria milionária. São benefícios que tornam as fronteiras entre as pessoas humanas e esses seres do além cada vez mais distante.
Por menos que essas regalias, Grandes Revoluções já ocorreram no mundo. Fico a imaginar se um dia este sistema perverso chegará ao fim ou se estamos presenciando e alimentando o surgimento de uma nova espécie que pode ser denominada de “os sugadores”.