ASSOMBRAÇÕES, figuras  típicas de outras   épocas  em  Barbacena


 
A Semana Santa é época de falarmos de nosso imaginário  coletivo. Têm-se as encenações religiosas e também nossas lendas como mulas sem cabeça e toda sorte de seres  povoando outras dimensões que vertem nesta ocasião para a realidade. Em Barbacena há as assombrações deste mundo paralelo assim com a  realidade apontou para figuras típicas.
 

E para não deixar as oralidades de nossos avós caírem no esquecimento a gente conta, resgata e registra em novas crônicas aquilo que ouvíamos nas rodas de contos nas salas ou nas cozinhas de nossas velhas casas mineiras. Ou a gente resgata os velhos cronistas da época em que os pretensos escritores se reuniam nas noites frias nas praças públicas fumando seus cigarros e  buscavam o referendo dos mais experientes e consagrados  pelas suas publicações.
 
Murilo Meniconi foi um destes  que registrou em sua crônica “Os Fantasmas de Barbacena” toda uma oralidade existente na Barbacena do Padre Mestre Correia de Almeida e do Padre Sinfrônio de Castro. Sobre seus escritos ajuizou-se com Honório Armond pedindo-lhe que prefaciasse uma de suas obras.
 
Sobre estas Sombras que os lampiões e, mais tarde, lâmpadas incandescentes mal iluminavam ruas e vielas da cidade e acrescida pelo imaginário barroco – vale acrescentar que Minas Gerais é um estado barroco – faziam vultos bruxulearem e mentes supersticiosas enxergarem entre as brumas serranas aquilo que seus medos ditassem.
 
O cronista enumera vários destas assombrações que aterrorizavam os barbacenenses, que além das figuras humanas excêntricas desta vida, tinham que à noite mal dormir   por causa de “vidas” além túmulo. Poucos eram os que se aventuravam à vida noturna da cidade. Só os boêmios que se atreviam ao vento cortante, ao frio e assombrações da cidade.
 
Nas esquinas lhes esperavam O Homem da Capa Preta. Ou A Dama de Branco do Largo do Rosário. Ou o assovio triste do Manoelzinho, O Último Enforcado injustamente no Morro da Forca.
 
Os madrugadores corriam  o risco de serem encontrados  pela mulher da mão gelada que vinha lhes saudar com seu congelante e inconveniente apertos de mão.
 
Alguns destes casos  assustavam a criançada,  cujos avós,tias e mães queriam intimidar suas artes noturnas de saídas e estripulias.  Ou então lhes ensinar algo através da pedagogia do terror que passavam de geração em geração.
 
Parece que agora a criançada se ocupa mesmo é com a virtualidade de seus computadores. Ninguém mais tem medo. Ou isto ou o folclore tornou-se démodé.

Assombrações eram... não são mais nem figuras típicas romantizadas pelo imaginário envolto em brumas ou em fumaças de fogão à lenha.
 

Escrevi este texto em homenagem à família de minha mãe (exímios contadores de casos de assombrações), em resgate ao cronista Murilo Meniconi e como convite para  conhecerem o Blog das Assombrações que  tomo como fonte:
 

https://nonoblogmeu.blogspot.com.br/2015/05/fantasmas-de-barbacena-murilo-meniconi.html?spref=fb
 
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 10/01/2018
 
 
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Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 23/03/2018
Reeditado em 24/03/2018
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