Sobre posturas e pensamentos engasgados
Postura é um troço meio engraçado. Sempre aquele lance de “costas retas, cabeça erguida, ombro pra cima”. Confesso que sempre tive dificuldade pra ficar assim, todo certinho.
Mas parando pra pensar, postura certa, costas retas, é mais do que apenas um jeito de arranjar menos dores nas costas na velhice. Sempre escutei uns “ajeita essa postura”, “olha essa coluna”, mas nunca liguei pra isso. Na real, andar meio curvado era normal, porque era meio que um jeito de esconder a minha altura e não chamar atenção. Odeio chamar atenção.
Mas se você deixa os ombros caírem, as costas encurvadas, o mundo se aproveita. São pesos que você nem sabia que existia que acabam parando ali, na sua postura ruim. Uma dor, uma angústia, momentos ruins, todos eles se aproveitam dessa brecha. E aí, meus amigos, até o dia bonito de céu azul vira um martírio, até pelo fato de que fica difícil olhar pra cima e aproveitar aquele tom de azul inigualável.
Ter a postura ruim, errada, te mantém de cabeça baixa, sob as rédeas invisíveis da rotina. Como se fosse algo que te sufoca, simplesmente porque você não está de cabeça erguida e costas retas. A inspiração não aparece, nem o ânimo, nem a vida. Tem gente que tem a postura tão errada que nem vê a vida passar, porque está olhando pra baixo, e você sabe o motivo.
Uns tempos atrás (nem faz tanto assim), decidi que ia melhorar a minha postura. Cabeça erguida, costas retas o máximo de tempo que conseguir, ombros na posição correta. Tentei não ter mais vergonha da altura, nem de chamar a atenção. O mais legal disso, dessa atitude tão simples? Tirei pesos das costas. Não todos, mas os desnecessários. Os que me atrasam. Os que não me deixam aproveitar um dia bonito, os que me sufocam. Não há como não ter pesos, mas a vida é assim, um jogo de costas restas e muita habilidade de equilibrar e distribuir os pesos pelos ombros. Que a nossa postura nunca falhe nesse jogo.