Início de outono.

A chuva veio forte, rajadas violentas de ventos, árvores dobrando-se quase ao ponto de se quebrarem, assim foi o início desta primeira tarde de outono. O calor intenso dos últimos dias e as inúmeras ameaças de chuva nos finais de tarde que nunca acontecia, tudo isso foi o ingrediente para a torrencial tempestade que assolou-nos ainda a pouco.

Tudo começou com algumas nuvens desavisadas no horizonte, aos poucos, o pequeno grupo de nuvens avolumou-se, mudaram de formato, ficaram mais densas, muito carregadas, enegrecidas. Pouco antes das cinco da tarde, o céu já havia sido tomado por inteiro, o dia se fez noite, era o prenúncio de mais uma tempestade, embora no início, eu não acreditava que a chuva realmente fosse cair, mas aquela altura, eu já não tinha mais dúvidas da forte tempestade que se iniciava.

Nos dias anteriores havia acontecido a mesma coisa; formações volumosas de nuvens, ventos fortes, e nada de chuva, mas hoje foi diferente, a tão esperada chuva veio, porém, em um volume anormal, a sua força e intensidade assustaram aos moradores do meu bairro, e de toda a cidade por sinal, que momentos antes, estavam a caminho das escolas dos filhos, correndo contra o tempo para buscar os pequenos antes do início do temporal.

Esse que vos escreve também fazia parte destes apressados pais e mães. A escola da minha filha fica próxima à minha casa, eu poderia bem ir caminhando se fosse uma tarde normal de sol, mas dadas as circunstâncias, decidi ir de carro. Ao chegar à escola estacionei próximo ao portão de saída, mas o tempo mostrou-se adiantado, pegou-nos de surpresa.

Entramos na escola apressadamente, os portões foram abertos um pouco antes que o normal, mesmo assim não foi o suficiente, ainda dentro da escola, o temporal ganhou a força dos ventos e a intensidade do volume de água. Fomos direcionados às classes de nossos filhos, ainda não havia dado o horário de saída, porém, a diretora nos autorizou-nos a levá-los.

Em poucos minutos o pátio da escola, muito bem coberto por sinal, estava abarrotado de pais com seus filhos, enquanto nós adultos estavamos preocupados em como voltar para casa, as crianças pulavam e brincavam, para elas tudo era festa, não se mostraram nem um pouco preocupadas com o temporal que desabava lá fora. Naquele momento tentei ir para o carro, abortei logo em seguida, as rajadas de vento estavam ainda mais violentas, depois de mais alguns minutos esperando, tentei pela segunda vez, mesmo contra a fúria dos ventos, consegui chegar ao carro, a dificuldade em controlar o guarda chuvas era imensa, foi eu abrir a porta do carro para minha filha entrar… E crech!!… O estalo era do meu guarda chuvas quebrando com a força do vento, o coitado retorceu todo, minha filha já estava dentro do carro a essa altura, eu, do lado de fora, todo molhado, segurava um pedaço de cabo quebrado. Minha filha se divertia dando risadas da situação, vendo o pai todo molhado, por fim, eu também caí na risada, afinal, do que adiantaria ficar estressado e reclamando, nada como um fim de tarde e início de outono.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 22/03/2018
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