Um outro folhetim

É a lua em aquário. Talvez a esperança da mudança que pudesse chegar com o equinócio, talvez a yoga. Não sei, mas alguma coisa fez com que se pronunciasse aquelas palavras sem sentir – ou deveria dizer presumir? – que a constatação iria valer como cem quilos no peito em outro momento. “Tenho dez amantes, mas nenhum que me tenha amor” – Falou-se e riu-se um sorriso de quem tem absoluta certeza que jamais se machucaria. Fitou olhos que se arregalaram com a descoberta daquilo que, por aí, já se sabia e tentou-se amenizar a piedade afirmando que não havia mal.

Quando talvez o equinócio passar, quando talvez os hormônios doerem, quando a lua se tornar apelido de quem interrompeu um terço da história. Talvez quando todas as metáforas fizerem sentido, a realidade da afirmação caíria. Nem amantes eram. Eram alimentadores de ego sem intenção de dedicar amor, os quais eram incessantemente negados, mas servindo enquanto massageavam as vaidades.

Nem se ia. Nem se deitava. Os dez tentavam. Se ria. Se envaidecia.

E nos finais de semana, onde todos aqueles “talvez” eram mais profundos, doía. Só. Bastaria um que amasse, e o amor libertaria o corpo atraente da apreciação vazia, mas necessária. Valia como cem quilos no peito.

.

.

*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 22/03/2018
Reeditado em 22/03/2018
Código do texto: T6287269
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.