Até que a morte os separe
O quadro da TV Globo “Que Brasil você quer para o futuro’ está se tornando repetitivo – um clichê. Os reclamantes terminam com a frase “e menos corrupção”. Tudo bem, é nova ordem.
Isso me faz lembrar as tais frases prontas, um verdadeiro socorro ou ponto de apoio em momentos em que não sabemos o que dizer.
Vejamos algumas delas: pensar positivo, dar a volta por cima, em alto e bom tom, negro como ave graúna (que virou chavão nos anos 80 sobre um deputado que pintava o cabelo de preto), mas parece estar esquecida. Por ora!
No meio jornalístico ainda é comum ouvir ou ler que ‘fulano corre risco de vida’. Na verdade querem informar que o citado ainda vive, mas tem possibilidade de morrer.
Também em jornalismo falado (TV e rádio) apresentadores abrem a programação dizendo ‘Muito’ boa tarde (ou noite). Se deseja uma boa tarde, por que reforçar com um ‘muito’?
Fechar com chave de ouro – essa é mais velha que a Arca de Noé, mesmo assim não sai do vocabulário. Principalmente esportivo. “Corinthians fecha ano com chave de ouro”. Se fosse outra equipe, Santos, por exemplo, esse escriba poderia fingir que não tomou conhecimento.
E o “sem sombra de dúvidas”? A sombra revela (ou esconde) algo que aos ‘olhos dos desavisados’ passaria em ‘brancas nuvens’?
“Superou as expectativas” – Essa costumo ouvir mais de uma vez por semana quando organizadores de eventos esperavam receber 100 pessoas e compareceram 80. Mesmo assim superou o esperado. É batata! Se ‘superou’ é porque não superou.
Outro que não quer sair de uso, embora alguns pais já tenham solicitado (sem sucesso) para que o celebrante não mencione é o “Até que a morte os separe”. Aconselhável seria “até que a boa convivência os mantenham unidos”. Mas aí tem o tal de ‘politicamente correto’ e não vou me aprofundar.
Não espero receber ‘aplausos calorosos’ com essa simples crônica. Espero sim não ter caído em algumas armadilhas dos chavões e clichês a que estamos habituados a ouvir e por consequência falar ou escrever.