Brasil, ainda podemos reverter o caos?
Ainda acredito que o povo brasileiro possa chegar ao nível educação análogo a aos países desenvolvidos econômico e culturalmente. Todavia, os ventos da ignorância e incivilidade afastam essa possibilidade para quilômetros de distância. São raízes fincadas na mente e no coração do povo brasileiro que alimentam esse vento ao ponto dele se transformar em rajadas cada vez mais fortes. Raízes profundas como o racismo, o preconceito, a homofobia, o sistema político nefasto, a educação falida e o espírito de colonizados, inviabilizam a formação de um povo soberano, crítico, educado e respeitável.
A filosofia colonialista e escravocrata que embutiu no povo brasileiro a cultura da alienação e a admiração pelos valores externos ao Brasil nem de longe fora superado ainda. As instituições que poderiam colaborar para a formação ética, crítica e reflexiva não desenvolvem seus papéis com afinco. Nossas escolas falidas preocupam-se mais com a formação para o conformismo, formando o aluno alheio à realidade que o cerca. As instituições religiosas focam apenas nas teorias próprias que as fundamentam, afastando seus fiéis do cenário real de convivência. A mídia tendenciosa, alienadora, hipócrita, responsabiliza-se por propagar os ditames da elite, sua cultura, seus valores. Para completar a formação para cegueira social, política e moral, como defende Bauman, o sistema político apodrecido há décadas, mantém as mesmas famílias no poder, como velhas fortalezas de ferro inoxidável.
Como se não fosse o suficiente para controlar e silenciar toda uma nação, para completar, aprofundar e fortalecer ainda mais essa cultura doentia, eles também eliminam de qualquer forma as representações das minorias. Aqueles ou aquelas que levantam a bandeira em prol de uma causa, seja ela qual for, desde que vise beneficiar os menos favorecido, têm um fim certo: ser eliminados, silenciados. Marielle Franco não fugiu à regra, pagou caro pela ousadia de pensar, refletir e externar. Ela era a flor de Drummond que nasceu no aslfato e irradiava perfume e beleza por onde passava.
Remando contra essa correnteza poderosa, há um fio de esperança de que um dia poderemos superar essa cultura maldita de alienação e silenciamento de toda uma nação. Acredito que a internet e todos os seus recursos sejam as molas propulsoras para a construção de uma sociedade crítica e reflexiva. Precisamos mesmo construir uma Brasil democrático e autossuficiente intelectual e culturalmente, com um sistema político que objetive beneficiar seu povo, respeitando-o e valorizando-o, independentemente da classe social, sexo, etnia e religião, com todos os seus órgãos funcionando plenamente, principalmente a educação e o judiciário.