CARA-METADE
Desde que o mundo é mundo, vivemos à procura de uma cara-metade para nos completar. Outro dia, ao ver uma laranja cortada ao meio, refleti a esse respeito.
Você já tentou unir dois lados de uma mesma laranja? Pois bem, eu tentei, mas por mais que eu tentasse unir as duas metades, elas não se uniam mais. Então cheguei à conclusão de que, se duas metades, pertencentes a uma mesma laranja, não se unem depois de separadas, como podemos esperar que duas metades, que nunca foram uma só, venham a se completar?
A grande verdade é que não precisamos procurar a nossa metade ou criar expectativa de que alguém venha a nos completar, ou dizer o que faremos de nós mesmos, porque já nascemos inteiros. O que precisamos é nos descobrir, saber quem somos e o que queremos, precisamos existir e não coexistir; precisamos ser concretos e não a sombra ou o reflexo de outra pessoa.
Portanto, antes de se relacionar com alguém ― seja com companheiro, filho, pai, amigo ou irmão ― encontre a si mesmo. Porque pessoas pela metade, tendem a ser como parasitas que sugam, drenam e deixam para trás apenas cascas vazias. Acredito que não devemos ver um relacionamento como sendo uma tábua de salvação, uma muleta e tampouco, como uma desculpa forçada para justificar a nossa escravidão.
Afinal de contas, do fundo de minha alma, entendo que, se é que somos como as laranjas, somos inteiros sempre, mesmo depois de cortados, pois uma laranja, não perde a sua essência, jamais.
Seja íntegro, seja inteiro.
Seja uma laranja.