A história de Murphy
Nascera em Horizontina. Filho de pai austríaco e mãe sueca cresceu assim... meio confuso. Ao acordar fazia um desjejum com dois ovos fritos e uma caneca de leite e gemada. E ia rebolando, um caminhar meio arcado, meio cambota, mas tinha seu tom. Era charmoso! Já no colegial mostrara todo o seu potencial interiorano, roncava grosso, mas era no fundo, uma doce pessoa.
Recebeu um nome complicado, de pouca aceitação na infância. Sidnney Monchawesk Murphy, mas logo já foi chamado de Sid. E gozava... gozava da vida, de seus problemas. Ao nascer, foi submetido a uma cirurgia de emergência, pois seu testículo esquerdo não descera até a bolsa escrotal, necrosado, quase perdeu-lo. Sua vida começou assim... meio confusa.
Na adolescência descobriu seu lado romancista. Começou escrever e declarar lindos poemas de amor, a todas, e todas, logicamente apaixonavam-se. E tinham alguns que declarava em sueco, língua que aprendera desde a infância, oriundo de sua mãe, e daí sim, derretiam-se.
Quebrou sua perna em dezessete lugares diferentes, quando, numa partida de futebol, recebeu uma entrada violenta de seu companheiro. Da mesma equipe! Do zagueiro. Um moreno forte e robusto de um metro e noventa, só porque Sid não soltava a bola. Chorava. Desesperadamente chorava e lamentava e xingava. Nunca mais teve coragem de olhar nos olhos de Jeovaldo, mesmo com inúmeros pedidos de desculpas.
Sid era inteligente. Um gênio! Aos 20 anos de idade mudou-se para Londres na Inglaterra para estudar inglês e conhecer novas culturas. Foi seu triunfo. Aprendeu tão rápido que logo começou a dar aulas de português, inglês e francês. Já não o conheciam como Sid, agora era professor Murphy. Era pensador. Um grande e renomado filósofo pela Inglaterra. Com suas teorias e idéias malucas foi também chamado por muitos de professor letal, ou professor aloprado. Era um sujeito muito além do seu tempo, das reais idéias, dos reais acontecimentos. Nunca conseguiu arrumar namoradas, e logicamente nunca casou. Nunca namorou por mais de 3 meses, as mulheres não o agüentavam, e logo repudiavam. Tinha idéias. Muitas e muitas idéias. Tentava ele, submerso sob sua total ingenuidade, idealizar e impor seus pensamentos, suas genialidades. Não conseguiu, frustrou-se e entrou em uma profunda depressão.
Murphy morreu, aos 40 anos de idade, vítima de um tumor maligno em seu testículo esquerdo, o mesmo que, quando nasceu teimou em não descer. Este testículo esquerdo lhe arruinou no início e no fim de sua vida. Seu testículo esquerdo!
Em uma de suas teorias Murphy dizia: “ Nada é tão ruim que não possa piorar”.
Murphy era um gênio. Um dos poucos!