AS TRÊS CANTARINHAS
Tenho, na gavetinha das recordações, três lindas cantarinhas; cada qual a mais graciosa.
Três bonitas cantarinhas, autografadas.
Recebi-as numa tarde soalheira de maio, cheias de sol e amor.
Uma, deu-ma rapazinho, que partiu para não voltar. E se voltar, será transubstanciado em: luz e amor.
As outras duas, recebi-as de lindas e virtuosas meninas, com carinho e amizade.
Naquela tépida e longínqua manhã de Maio, deambulava, distraído, entre milhentos cestinhos, repletos de cantarinhas.
Eram todas em miniatura; todas pequeninas; todas de barro bem vermelhinho. Pintadas com amor e carinho.
Raparigas travessas, banhadas de sol, e saias garridas, soltavam gaias gargalhadas, e, mirando-me de soslaio, perpassavam por mim.
Mocinhas sisudas, de saias compridas, e olhos baixos, reclinavam, recatadas, os rostos trigueiros, sorrindo…; mas nenhuma oferecia-me cantarinhas…
Tinham namorado; e as que não tinham, buscavam-no. Não eu; pobre solitário, que em dia de sol, de vento fresco e acariciador, passeava entre fogosa meninada, que comprava dúzias de cantarinhas.
Porém, ao pôr-do-sol, ao recolher da tarde, duas lindas meninas, brindaram-me com duas amorosas cantarinhas; pintadas a cores festivas, e gravadas a letra manuscrita.
Uma, é “alta”, esguia, e elegante, tem um: “T”, bem lançado; a outra, é baixa e graciosa, tem no “ largo” bojo, um: “G”, tremidinho.
Quase cinco décadas passaram. Passaram, também, ilusões e risonhos sonhos da juventude; mas, na gavetinha das recordações, há, bem aconchegadas, três cantarinhas, pequeninas, que três jovens, em tépido dia de Maio, ofereceram-me com carinho e amor.
Como é bom recordar! … Como é bom ver as cantarinhas! …Todas três embrulhadinhas. Todas três juntinhas, como estão as meninas, que mas deram, ainda, no meu coração…
A Feira das Cantarinhas, realiza-se no primeiro
fim - de- semana de maio.